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porto velho, quarta-feira 11 de dezembro de 2024
BRASIL: Cerca de oito dias antes de ser executado na última sexta-feira, 8, com dez tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos, o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach tinha denunciado à Corregedoria da Polícia Civil que havia sido roubado por investigadores. A informação foi divulgada pelo programa 'Fantástico', da TV Globo, neste domingo, 10.
Segundo a reportagem, Gritzbach contou que, quando ele foi preso, no início de 2022, acusado de mandar matar um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), policiais levaram uma bolsa com R$ 20 mil de sua casa e uma caixa com uma coleção de relógios luxuosos. O estojo foi devolvido, mas com cinco relógios a menos.
O empresário reconheceu um desses relógios em fotos nas redes sociais de um dos policiais. As imagens, de acordo com o delator, foram apagadas depois da denúncia.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, acompanha o caso. "Nós estamos proibidos de revelar o teor, inclusive esse depoimento que ele deu na Corregedoria faz parte do acordo de delação premiada. E isso foi muito recentemente, ainda está em apuração por parte da Corregedoria", disse à TV Globo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.
Como o Estadão mostrou, o empresário, em seu acordo de delação premiada, entregou aos promotores do Gaeco, um áudio de 4 minutos e 59 segundos de duração com denúncias de corrupção policial.
A conversa se dá entre um investigador não identificado que trabalhava no Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e o advogado Ahmed Hassan, o Mude, acusado de ser ligado à cúpula da facção, e foi gravada pelo próprio Gritzbach sem o conhecimento dos outros dois no escritório dele.
O policial procurou Gritzbach para alertá-lo sobre os planos para matá-lo. Ele pôs o telefone no viva voz para conversar com um advogado acusado de lavar dinheiro da cúpula da facção. No bate-papo por telefone, o advogado concorda em aumentar o prêmio de R$ 300 mil para R$ 3 milhões pela morte do empresário.
O Estadão não conseguiu localizar o advogado, que sempre negou as acusações quando foi ouvido pela polícia. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que "todas as circunstâncias do caso são investigadas". Em nota, afirmou ainda que "as corregedorias das polícias Civil e Militar apuram a atuação de seus agentes no caso."