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porto velho, quinta-feira 21 de novembro de 2024
BRASIL: Deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira, 19, a operação Contragolpe resultou na prisão de militares suspeitos de estarem envolvidos no planejamento de assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A ação também expôs uma ampla rede de integrantes do alto escalão das Forças Armadas, incluindo oficiais de alta patente que compartilhavam informações sobre um golpe de Estado e eram apontados como responsáveis por “pacificar” o País após uma eventual ruptura institucional.
Durante as investigações, foram encontrados mensagens, documentos, áudios e registros de reuniões que citavam, em diferentes níveis de envolvimento, pelo menos 35 militares. Entre os mencionados estavam dez generais, 16 coronéis do Exército e um almirante, apontando a possível participação desses oficiais na trama antidemocrática, supostamente articulada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). As informações são do blog do Fausto Macedo, do jornal O Estado de São Paulo.
O principal alvo da operação foi o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo do governo Bolsonaro. A análise de seu celular pela PF revelou trocas de mensagens em que ele e outros militares criticavam o Alto Comando do Exército, afirmando que “tinha que acabar” e declarando: “Quatro linhas da Constituição é o cacete”.
As conversas, marcadas por tom inflamado, evidenciam, segundo apontam os investigadores, a insatisfação de alguns membros das Forças Armadas com a postura da cúpula do Exército, que não teria apoiado o suposto plano para manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições.
Em uma das mensagens, um colega de Mário escreveu: “Kid Preto, cinco não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto. É isso. Infelizmente. E a lição que a gente deu para a esquerda é que o alto comando ele tem que acabar. Se cria um general de cinco estrelas ou se promove, se mexe na promoção dos generais e só se promove nos próximos oito anos só um general quatro estrelas. Como é nos outros exércitos. Aí acaba essa palhaçada de unanimidade, acaba essa porra. Foi essa aula que a gente deu para eles, infelizmente.”
Além das mensagens, foi com Fernandes que a Polícia Federal obteve documentos fundamentais para o avanço das investigações. Entre eles, o plano denominado "punhal verde amarelo", que incluía o envenenamento de Lula e o assassinato de Moraes por meio de uma bomba. Além disso, foi encontrada uma minuta de gabinete de crise que teria como objetivo “pacificar” o País após uma eventual ruptura institucional, sob a liderança de aliados próximos de Bolsonaro: os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto.
Já com o major Rafael de Oliveira, também alvo da operação realizada na terça-feira, foram localizados um arquivo e mensagens relacionadas à operação denominada ‘Copa 2022’, que abordava a prisão ilegal e execução de Moraes. Embora tenha sido iniciada, a operação foi abortada pouco antes de ser concluída. Com o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, a Polícia Federal encontrou uma planilha detalhando o golpe, contendo mais de 200 linhas que descreviam, passo a passo, o plano para a ruptura democrática.