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porto velho, quinta-feira 1 de maio de 2025
BRASIL: As fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), descobertas pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF), mostram que integrantes do instituto e de associações desviaram até R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024, em recursos de aposentados e pensionistas por meio da folha de pagamento.
As vítimas da fraude tiveram descontos não autorizados em seus benefícios e grande parte dos valores foi destinada a ex-integrantes do INSS. Segundo a PF, esses desvios teriam sido intermediados por Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ele é apontado como figura central e principal operador do esquema de repasses irregulares.
De acordo com informações repassadas pela Polícia Federal à TV Globo, Antônio Carlos Camilo Antunes declara sua ocupação profissional como "gerente" e renda mensal de R$ 24.458,23. As movimentações bancárias, no entanto, são declaradas como "muito superiores à sua hipotética renda", segundo as investigações.
Segundo representação da PF entregue à Justiça, o “Careca do INSS” movimentou R$ 53,5 milhões provenientes de entidades sindicais e de empresas relacionadas às associações. Ele aparece no relatório como sócio de 21 empresas, sendo que ao menos quatro delas estão envolvidas e são utilizadas na 'farra do INSS'.
Segundo a Polícia Federal, o Careca do INSS repassou "valores" a:
Thaisa Hoffmann Jonasson, mulher do procurador-geral do INSS Virgilio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho – ele foi afastado do cargo na operação da última semana;
Alexandre Guimarães, que foi diretor de Governança, Planejamento e Inovação do INSS no governo Jair Bolsonaro e deixou o cargo no início do governo Lula;
Eric Douglas Martins Fidelis, advogado filho do ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS André Paulo Félix Fidelis.
Investigação
Os investigadores analisaram transações financeiras das entidades e também de dirigentes para mapear o possível rastro dos valores desviados. Os ex-diretores e pessoas relacionadas a eles receberam, ao todo, mais de R$ 17 milhões em transferências de indivíduos apontados como intermediários das associações.
A polícia entende que o "Careca do INSS" recebia informações privilegiadas dos ex-servidores, como dados cadastrais de aposentados e pensionistas, e as utilizava para registrar os descontos indevidos diretamente no contracheque dos beneficiários.
A investigação mostra que o "Careca do INSS" redistribuía os valores indevidos repassados pelas associações em várias contas bancárias de empresas diferentes como forma de dificultar a rastreabilidade do dinheiro.