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    porto velho, sábado 31 de maio de 2025

Ela reconstruiu a vida após perder o marido e os filhos em acidente: 'O que paralisa é o medo'

Vânia Borges Carvalho viajava rumo a Fortaleza com a família quando o carro em que ela estava colidiu com outro veículo na BR-020 e explodiu


TERRA

Publicada em: 29/05/2025 10:27:56 - Atualizado

"É preciso saber viver". A música, de Roberto e Erasmo Carlos, desperta a saudade em Vânia Borges Carvalho, de 56 anos. Era a favorita de Pedro, um de seus quatro filhos. Ele morreu aos nove anos, em um acidente de carro em 22 de dezembro de 2010.

Pedro não foi a única vítima da tragédia. Os três outros filhos de Vânia --Ana Julia, de 4 anos, Ana Beatriz, de 12, e Rayran, de 16-- além do marido, Raimundo Jarismar, de 46, também morreram naquele dia.

Vânia, natural de Brasília, viajava rumo a Fortaleza com a família quando o carro em que ela estava colidiu com outro veículo na rodovia BR-020, causando uma explosão. Única sobrevivente, ela toma o título da música como um conselho involuntário: é preciso saber viver, é preciso reconstruir a vida.

O acidente é um exemplo extremo de uma estatística sinistra no Brasil. Segundo a Polícia Rodoviária, 6.160 pessoas morreram e 84.526 ficaram feridas em 73.156 acidentes no ano passado nas estradas federais. Neste Maio Amarelo, mês da conscientização sobre a segurança no trânsito, Vânia conta sua história ao Terra:

Rayran, filho de Vânia Borges Carvalho, tinha 16 anos
Rayran, filho de Vânia Borges Carvalho, tinha 16 anos
Foto: Arquivo pessoal

"Era época das férias de verão. O céu estava um azul esplêndido e o sol radiante logo cedo. Essa imagem não sai da minha cabeça.

Naquele dia, Jarinho e eu saímos de casa por volta das oito horas da manhã, junto com Julinha, Pedro, Ana Beatriz, para ir à escola do nosso filho mais velho, Rayran. Ele fazia uma prova de recuperação.

Paramos em frente à escola e ficamos aguardando Rayran do lado de fora. De lá, pegaríamos a BR-020 para viajar à Barro Preto, uma praia em Fortaleza, onde ficaríamos por 30 dias com os familiares do Jarinho.

De dentro do carro, vi quando Rayran saiu da escola. Ele abraçou os colegas que estavam saindo com ele, todo saltitante. Meu filho era um menino bem-humorado, cheio de talentos e muito querido. No meio daquela alegria toda, ele veio ao nosso encontro.

Nos acomodamos no carro, colocamos o cinto e pegamos a saída para a BR-020. Nas duas viagens anteriores que fizéramos, em 2005 e 2007, tínhamos um carro mais ou menos confortável, um Corsa Wagon de quatro portas.

Em 2010, com as crianças mais crescidas, compramos um carro maior: um Zafira com sete assentos. Jarinho estava ao volante, eu no banco do passageiro e nossos filhos no banco de trás.

Essa viagem foi diferente das outras. Nós sempre tínhamos o costume de ligar o rádio e ir cantarolando pela estrada. Nesse dia, estavam todos ensimesmados, cada um no seu próprio mundinho.

Logo no início da viagem, paramos para abastecer no Posto Rosário. Me recordo que Jarinho segurou na minha mão e disse: 'Vaninha, essa vai ser a viagem dos meus sonhos'. Eu respondi: 'Tenho certeza, Jarinho --dos nossos sonhos'. Então ele beijou minha mão e trocamos juras de amor.


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