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    porto velho, domingo 29 de junho de 2025

Brasil registra queda drástica de nascimentos e idade para ter filhos aumenta, diz IBGE

Em 60 anos, média de filhos por mulher despenca de 6,28 para 1,55, segundo o IBGE


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Publicada em: 28/06/2025 09:58:40 - Atualizado

O Brasil teve uma queda drástica no número de nascimentos nos últimos 60 anos, segundo mostram novos dados do Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira, 27, sobre fecundidade e migração. A idade em que as mulheres se tornam mães também aumentou neste período.

A Taxa de Fecundidade Total (TFT) do país — número que indica o número médio de filhos por mulher — caiu de 6,28, em 1960, para apenas 1,55 em 2022, segundo o Censo. Isso significa que antigamente era mais comum que mulheres no Brasil tivessem até 6 filhos, enquanto hoje a maioria só tem um.

A região Norte, historicamente, possui o maior número de nascimentos, mas a queda foi acentuada na região. O número despencou de 8,56 para 1,89 no mesmo período. O dado mostra que o Brasil está abaixo do nível de reposição populacional, que é de cerca de 2,1 filhos por mulher.

O indicador aponta para o envelhecimento populacional acelerado, e pode trazer consequências diretas para o mercado de trabalho e também afetar a migração no país, o mercado de trabalho e o planejamento de políticas públicas.

Idade para ter filhos aumenta
Outro fator que mostra uma mudança de comportamento ao longo dos anos é a idade média das mulheres que são mães. Em 2000, a idade era de 26,3 anos. Em 2022, a idade subiu para 28,1. No entanto, ainda há variações entre os estados e grupos sociais.

O Distrito Federal apresentou a idade média mais alta do país: 29,3 anos. Já o Pará teve a mais baixa: 26,8 anos. Mulheres brancas foram as que mais adiaram a maternidade, para os 29 anos, seguidas por pretas, com 27,8 e pardas com 27,6.

O padrão se repete quando se observa o nível de instrução. Mulheres com ensino superior completo tiveram filhos, em média, aos 30,7 anos, enquanto aquelas sem instrução ou com fundamental incompleto tiveram filhos aos 26,7.

Mulheres sem filhos
Outro dado que chama atenção é o crescimento do número de mulheres que passaram pela fase reprodutiva da vida sem ter filhos. Em 2000, 10% das brasileiras entre 50 e 59 anos não tinham filhos. Em 2022, esse percentual saltou para 16,1%, mostrando um aumento de mais de 60%, segundo o IBGE.

As diferenças regionais mostram que essa tendência é influenciada pela cultura e economia. No Rio de Janeiro, por exemplo, 21% das mulheres dessa faixa etária nunca tiveram filhos, sendo o maior percentual entre os estados. Já no Tocantins, o número é de 11,8%.

Quem tem mais filhos?
Os dados do IBGE revelam que mulheres com menor escolaridade, pardas, pretas e evangélicas têm mais filhos do que brancas e com ensino superior. O dado escancara a desigualdade social brasileira.

Mulheres com menor nível de escolaridade continuam tendo, em média, mais filhos. Em 2022, aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto tiveram uma TFT de 2,01 filhos. Já entre as mulheres com ensino superior completo, essa taxa foi de apenas 1,19.

As diferenças também aparecem quando analisadas por cor ou raça: mulheres indígenas registraram a maior taxa de fecundidade do país, com 2,84 filhos por mulher, seguidas pelas pardas, com 1,68 e pretas, com 1,59. As menores taxas foram observadas entre mulheres brancas, com 1,35 e amarelas, com 1,22.

A religião também influencia nessa escolha. O único grupo com taxa acima da média nacional, que é de 1,55 foi o das mulheres evangélicas, com 1,74 filhos por mulher. Já as espíritas registraram a menor taxa, com 1,01, seguidas por mulheres da Umbanda e Candomblé, com 1,25, e de religiões diversas, com 1,39. As católicas, com 1,49, e as sem religião, com 1,47, ficam próximas da média nacional.



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