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    porto velho, sexta-feira 12 de setembro de 2025

PF prende "Careca do INSS" e Camisotti em nova fase da Operação Sem Desconto

Operação da Polícia Federal que investiga descontos irregulares de aposentados também prendeu o empresário Maurício Camisotti


uol

Publicada em: 12/09/2025 09:42:07 - Atualizado


O empresário Maurício Camisotti também foi preso pela corporação, suspeito de integrar o esquema de descontos indevidos. Sua prisão ocorreu em São Paulo.

As ações são cumpridas no âmbito da nova fase da Operação Sem Desconto, batizada de Operação Cambota, que investiga fraudes em descontos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

Além dos dois mandados de prisão preventiva, são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, em São Paulo e no Distrito Federal.

A ação apura os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados.

O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.

Do ramo de marketing, Antunes é apontado como um dos operadores do esquema e é considerado um dos principais investigados. Ele é tido como um elo de ligação entre as entidades que, supostamente, teriam realizado descontos fraudulentos de beneficiários do INSS.

Ele é suspeito de pagar propina para diretores do órgão para favorecer as entidades envolvidas e obter, por meio do INSS, dados cadastrais de beneficiários, repassando as informações para as entidades acusadas de fraudar filiações para cobrar mensalidades indevidas.

A coluna mostrou, por exemplo, que o ex-diretor de Benefícios do órgão recebeu R$ 1,4 milhão diretamente do lobista. Já o procurador afastado do órgão teria recebido R$ 7,5 milhões.

Segundo a PF, ele é sócio de uma "miríade de empresas", muitas das quais estariam envolvidas na "Farra do INSS", em especial a Prospect Consultoria.

"Verificou-se que as empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes operaram como intermediárias financeiras para as entidades associativas e, em razão disso, receberam recursos de diversas associações que, em parte, foram destinados a servidores do INSS", diz trecho de representação da PF.

Em fluxograma incluído na representação da PF, a corporação aponta que o "careca do INSS" teria ligação com entidades como a Ambec, a CBPA, a Asabasp, a Cebap e a União Nacional de Auxílio aos Servidores Público Unaspub.

"Ao todo, portanto, pessoas físicas e jurídicas relacionadas a Antonio Carlos Camilo Antunes receberam R$ 48.133.789,76 diretamente de entidades associativas e R$ 5.452.899,34 de empresas intermediárias relacionadas às entidades associativas, totalizando R$ 53.586.689,10. Antonio Carlos Camilo Antunes, por sua vez, enviou R$ 9.329.550,53 para pessoas físicas e jurídicas relacionadas a servidores do INSS", diz um dos documentos da Operação Sem Desconto.

Defesa

Em nota, a defesa do empresário Maurício Camisotti afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação que apura fraudes no INSS e aponta para uma "arbitrariedade" supostamente cometida durante a ação policial.

Segundo os advogados, Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. "Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio", afirma a defesa.

"A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário", conclui a nota.



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