Fundado em 11/10/2001
porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, reagiu com indignação à revelação de que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi armado ao prédio da Corte com a intenção de matá-lo. Depois, segundo informou, cometeria suicídio.
Em nota divulgada na manhã desta sexta-feira (27), o ministro chamou duas vezes a intenção revelada – porém abortada – de “atitude tresloucada” e disse que “nada mais resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia”
Janot contou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que, em maio de 2017, na condição de chefe do Ministério Público Federal, pediu o impedimento de Gilmar na análise de um habeas corpus de Eike Batista, com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório de Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.
Ao se defender em ofício ao então presidente do STF, Gilmar afirmou que a filha de Janot – Letícia Ladeira Monteiro de Barros – advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o ministro, a filha do ex-PGR poderia na época “ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato”.
“Foi logo depois que eu apresentei a sessão (…) de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal… e aí eu saí do sério”, afirmou o ex-procurador-geral, que disse que “uma mão” impediu o crime.