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porto velho, quinta-feira 3 de julho de 2025
BRASIL: A empresária Uiara Sousa Duarte, mulher de Adolfo Duarte, ambientalista encontrado sem vida na represa Billings, na zona sul de São Paulo, viveu uma angústia de quase três meses até a polícia finalizar a investigação sobre a morte do companheiro, conhecido como Ferrugem. Após o indiciamento dos quatro jovens que estavam com o barqueiro no dia em que desapareceu, Uiara diz que ainda sente indignação ao pensar sobre as causas do assassinato. "Essas pessoas não sabiam conviver em sociedade", disse ao site.
O motivo do assassinato, segundo a polícia, foi ciúme por parte de um dos jovens. Um dos investigados, Mauricius da Silva, pediu para ser ouvido pela polícia outra vez e mudou a versão que havia dado sobre os fatos. Ele afirmou que Vithorio Alax Silva Santos, também presente no barco, matou Adolfo Duarte depois que o ambientalista aceitou dançar com uma das mulheres na embarcação.
Uiara lembra que o marido era extrovertido e comunicativo. "Ele sempre foi muito solícito, dessas pessoas que interagem, isso era uma qualidade e um defeito", diz. "Falava para ele: 'cuidado, nem todo mundo vai te entender'. Acredito que tenha faltado um pouco de prudência por ele ter dançado com essas meninas", afirmou. Para ela, os jovens podem ter interpretado o comportamento do ambientalista de maneira negativa: "Ele era uma pessoa muito aberta para conversas."
Desde o desaparecimento de Adolfo Duarte, Uiara afirma que o caso não se tratava de um acidente. Após ler o inquérito policial, ela ressaltou a impressão inicial de que algum desentendimento havia enquanto o marido guiava o barco. Nesta quarta-feira (19), a Polícia Civil indiciou os quatro jovens que participavam do passeio e pediu a prisão preventiva deles.
Saindo da esfera policial, o caso irá para o Ministério Público de São Paulo. Os jovens responderão por homicídio triplamente qualificado. "Ainda tem o julgamento e mais alguns passos pela frente. Mas só o fato de eles estarem presos e, não na sociedade, me deixa mais tranquila".
Após a confirmação da morte de Ferrugem, Uiara Duarte e Helena enfrentam a rotina sem o marido e o pai. "Não vamos trazer a naturalidade da vida como ela era. Vou ter que refazer essa adaptação", lamenta a mulher que perdeu um filho pequeno, vítima de câncer.
Ela conta que vive momentos de solidão desde a perda de Adolfo, e até hoje se pergunta sobre o porquê de ter de passar pela tragédia. "Sinto um pouco de raiva, os outros três poderiam ter ajudado. o Adolfo não está mais aqui para responder por isso", diz.
Em convívio com o luto, Uiara tem tentado levar adiante projetos relacionados à ONG Meninos da Billings, projeto idealizado pelo marido. O trauma em razão da perda, porém, impõe dificuldades para a continuidade do trabalho à frente da organização.
"Hoje, ainda conversando com as pessoas, elas não acreditam. O legado dele é trabalhar para a melhoria da população, da conscientização. Ele deixa um pedaço dele para cada pessoa com quem ele trabalhava. Vamos tentar tocar esse legado', afirma. O projeto ainda busca parcerias.
A polícia concluiu que a morte de Adolfo Duarte foi causada por ciúme. Após a investigação, a polícia indiciou os jovens que estavam na embarcação após o desaparecimento do barqueiro e pediu a prisão preventiva dos quatro suspeitos.
Segundo a polícia, no momento em que não estava na presença de Vithorio Alax Silva, um dos jovens, o investigado Mauricius da Silva decidiu mudar sua versão e pediu para ser ouvido mais uma vez. No novo depoimento, disse que Vithorio matou Adolfo, conhecido como Ferrugem.
Mauricius e Vithorio, de acordo com o depoimento, tinham a intenção de ficar com as jovens quando começaram o passeio. Na noite da diversão, Vithorio teria se sentido enciumado quando Ferrugem dançou com Mikaely. Nesse momento, ele teria, segundo a polícia, acionado intencionalmente um dispositivo do barco para ocasionar o solavanco e a queda da vítima, juntamente com Mikaely.
Os laudos do IML (Instituto Médico Legal) revelaram que não houve afogamento. Segundo os resultados, o ambientalista morreu por asfixia mecânica. De acordo com o depoimento de Mauricius, Adolfo teria tentado retornar ao barco pela escada dos fundos, mas Vithorio não teria permitido. No depoimento, Mauricius não soube informar "qual o instrumento usado por ele [Vithorio] para asfixiar a vítima".
Agora, segundo a polícia, é possível dizer que o executor da asfixia mecânica foi Vithorio e que os demais participaram do embate corporal e colaboraram para que o crime fosse praticado.
Os quatro jovens vão responder por homicídio triplamente qualificado. A perícia realizada nos celulares dos envolvidos mostrou diálogos em que os jovens combinaram versões e planejaram uma fuga. Eles estavam presos temporariamente desde o dia 4 de agosto. A polícia indiciou os quatro jovens por homicidio triplamente qualificado e representou pela prisão preventiva.