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Justiça determina 24 horas para que frigoríficos de Betim se retratem por assédio eleitoral

Justiça determina 24 horas para que frigoríficos de Betim se retratem por assédio eleitoral


G1

Publicada em: 26/10/2022 16:33:18 - Atualizado


BRASIL - Os frigoríficos denunciados por assédio eleitoral em Betim, na Grande BH, deverão se retratar em um prazo de 24 horas assegurando a liberdade de voto aos funcionários sem nenhum tipo de retaliação. O g1 não conseguiu contato com as empresas envolvidas.

Em decisão liminar, a Justiça aceitou os pedidos da ação ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A decisão foi expedida nesta quarta-feira (26) pelo juiz substituto da vara plantonista de Betim, Fernando Rotondo Rocha.

A decisão prevê a divulgação de um comunicado nos quadros de avisos das empresas, na página principal do site na Internet, nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp, bem como individualmente para cada trabalhador por e-mail, por WhatsApp e por meio de uma cópia física.

"[A empresa] vem a público afirmar o direito de seus empregados livremente escolherem seus candidatos nas eleições, independentemente do partido ou ideologia política, garantindo a todos os seus funcionários que não serão adotadas medidas de caráter retaliatório, como a perda de empregos, caso votem em candidatos diversos daqueles que sejam da preferência do(s) proprietário(s) da empresa, tampouco será realizada campanha pró ou contra determinado candidato, coagindo, intimidando, admoestando e/ou influenciando o voto dos empregados com abuso de poder diretivo", diz o teor do comunicado a ser divulgado, conforme decisão judicial.

As empresas serão, ainda, obrigadas a assegurar a participação de todos os funcionários no pleito eleitoral do próximo domingo (30), inclusive aqueles que desempenham jornada de 12 x 36 horas.

Em caso de descumprimento, serão aplicadas multas diárias de R$ 20 mil mais R$ 10 mil por trabalhador envolvido, no limite de R$ 1 milhão.

Além desses pedidos liminares, o Ministério Público também solicitou, em caráter definitivo, indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 2 milhões e de R$ 2 mil por dano moral individual para cada trabalhador. Essas requisições serão julgadas posteriormente.

As empresas notificadas foram os frigoríficos "Serradão" e "Frigobet", que funcionam no mesmo local e tem nomes comuns em seus quadros societários, de acordo com os registros oficiais da Receita Federal. Até a conclusão da reportagem, os estabelecimentos não tinham se manifestado.

Funcionários de frigorífico de Betim denunciam assédio eleitoral em evento da empresa

Relembre o caso

Funcionários relataram que, na quinta-feira da semana passada (20), foram obrigados a usar blusa amarela com slogan e número do candidato Jair Bolsonaro (PL), ouviram ataques contra Lula (PT) e que patrões prometeram um pernil para cada um caso o atual presidente seja reeleito.

Os proprietários do frigorífico, Sílvio da Silveira e Marcos Luiz da Silveira, convocaram a reunião na companhia do deputado federal Mauro Lopes (PP-MG).

Entre as falas, estava a ameaça de fechamento da empresa e de igrejas e que o país entraria em guerra caso Lula seja eleito.

Em um vídeo gravados por um funcionário, o deputado ainda atribui as mortes dos ex-prefeitos de Campinas (SP) e Santo André (SP), Toninho do PT e Celso Daniel (PT), a outros petistas por causa de conflitos de interesses - o que não condiz com as investigações oficiais conduzidas pela Polícia Civil do estado.

Procurados, os frigoríficos e o deputado Mauro Lopes não se posicionaram até a última atualização desta reportagem.

Assédio Eleitoral

De acordo com a lei, configuram assédio eleitoral situações de trabalho em que há:

  • Humilhações ou constrangimentos por divergências políticas;
    Chefes que obrigam a votar em determinado político
  • Gestores que estimulam o voto em um candidato em troca de benefícios ou ameaça de demissão;
  • Impedir um funcionário de ir votar;
  • Pedidos para que o trabalhador se manifeste a favor de políticos em redes sociais.

Quem pratica o assédio eleitoral pode ser preso, multado e até obrigado a se retratar. Funcionários podem denunciar pelo Ministério Público do Trabalho ou no aplicativo Pardal, do Tribunal Superior Eleitoral.

O Ministério Público do Trabalho já recebeu pelo menos 1587 denúncias de assédio eleitoral ao longo do pleito de 2022, de acordo com dados informados pela instituição nesta terça-feira (25). Minas Gerais lidera o ranking, com 444 queixas.



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