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porto velho, sexta-feira 4 de julho de 2025
BRASIL: Uma das advogadas assediadas por um policial penal afirmou nesta quinta-feira (3), em entrevista à TV Verdes Mares, que o servidor ofereceu R$ 2 mil para a advogada sair com ele. Jéssica Rodrigues afirmou que o agente a convidou para jantar e que daria o dinheiro caso ela fizesse um programa com ela.
"Ele perguntou se eu queria sair para jantar com ele e eu disse que não. Foi quando ele baixou o nível: 'Eu quero sair com você, eu pago R$ 2 mil pelo programa.' Eu disse: 'Olha, você está confundindo as coisas, eu não sou garota de programa, eu sou advogada", afirmou.
Jéssica Rodrigues disse que recebeu uma ligação e pensava que ele queria atendimento jurídico. "Eu recebi uma ligação de número confidencial, até aí eu já achei estranho, até aí eu atendi. Quando eu atendi a ligação, ele me disse 'estou precisando do seu atendimento'. Obviamente eu sou advogada, eu achei que ele quisesse um atendimento jurídico. Eu disse 'sim, pode falar'", afirmou.
Segundo as advogadas, o homem ligava com número oculto para as vítimas e também mandava mensagens através de um perfil falso nas redes sociais. Uma das mulheres diz sofrer assédios constantemente há um ano — mesmo período de tempo em que as outras vítimas foram assediadas pela primeira vez.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que denúncias contra agentes públicos do sistema prisional são encaminhadas à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) para que sejam apuradas e assim tomadas as devidas providências.
Em nota, a Controladoria Geral de Disciplina informa que o caso é investigado. "Diligências estão em andamento para apuração dos fatos. O caso segue em sigilo pela natureza dos fatos e a intimidade da vítima", diz o órgão. "A Controladoria determinou, ainda, a instauração de procedimento administrativo disciplinar", acrescenta.
“Nas ligações, o interlocutor falava diversas imoralidades, que estava se ‘masturbando’, que ia fazer isso e aquilo comigo. De início eu esculhambava, pedia para me deixar em paz. No entanto, ele insistia chegando a ligar mais de 30 vezes. Essa situação não parou, pelo contrário, foi se agravando”, relatou a vítima.
Foi esta vítima quem conseguiu convencer o suspeito a realizar uma videochamada, nesta segunda-feira (31), e capturou a imagem do rosto do homem — posteriormente identificado como agente penitenciário da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL 2), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. Ele aceitou a videochamada após ela fingir que estava interessada nas propostas dele.
“Agi por conta própria para tentar identificar o assediador e desta forma fingi que queria e pedi a ele para fazer uma chamada de vídeo. Consegui então a foto e hoje buscamos os órgãos competentes para punir o agressor. Ainda estou muito abalada, pois as palavras de assédio são de extremo grau de ofensa, imoralidades e ainda pelo visível grau de descaso que o agente apresenta, demonstrando não temer a justiça e agindo como um maníaco sexual”, complementou a vítima.
“Toda vez que ela saía para realizar os atendimentos penitenciários, acontecia essas ligações com palavras do mais baixo calão possível. Perguntando quanto era o 'programa' dela, dizendo que ela estava muito linda com roupa tal. Aí ela começou a observar [como acontecia]”, explicou Raphaele Farrapo, advogada que representa uma das vítimas.
A advogada disse que a cliente dela, então, recebeu uma ligação em que o suspeito comentou sobre a roupa que ela usava. Foi neste momento em que ela identificou a unidade onde ele trabalhava, já que no mesmo dia ela usou a vestimenta para ir exclusivamente à CPPL II.
Raphaele Farrapo explicou que relatou o caso em um grupo de aplicativo de mensagens, onde estão outras advogadas. Então, as outras vítimas entraram em contato com ela, após notarem a similaridade dos casos. As vítimas desconfiam que o homem teve acesso aos números delas que constam no sistema da SAP, já que trabalham nas unidades prisionais do estado.