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    porto velho, sexta-feira 4 de julho de 2025

Gata que viajava com brasileiro morto em caverna argentina será enviada ao Brasil

Dennis Cosmo Marin, de 37 anos, foi atingido por um bloco de gelo em uma caverna proibida para visitação no Parque Nacional Tierra del Fuego...


G1

Publicada em: 04/11/2022 10:38:03 - Atualizado

MUNDO: O brasileiro Dennis Cosmo Marin, que morreu nas proximidades de Ushuaia, na Argentina, após um bloco de gelo se romper do teto de uma caverna e atingir seu corpo, relatava com frequência nas redes sociais como sua gata de estimação Lince, de 10 anos e nascida em Sorocaba, interior paulista, era uma "companheira única" de viagem e tinha a Kombi como sua casa.

Segundo o g1 apurou, após o acidente, Lince ficou com uma amiga de Dennis na Argentina e deve ser encaminhada para a família do paulistano.

O publicitário paulistano tinha 37 anos e morreu em uma área de acesso proibido conhecida como "Cueva de Jimbo", ou Caverna de Gelo, dentro do Parque Nacional da Tierra del Fuego, na quarta-feira (2).

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que o grupo que ele estava avançou para o interior da caverna, onde havia uma placa "Alerta. Não entre.

Desde outubro de 2018, Dennis e Lince estavam viajando de Kombi pela América do Sul, o que chamava atenção dos internautas pelo animal ter "espírito aventureiro" e se adaptar facilmente nos novos lugares.

O brasileiro tinha um perfil no Instagram chamado 'Ô de Kombi', onde se apresentava como contador de "stories" e mensageiro "natural de coisas naturais". Além disso, dizia que estava "em busca de autonomia".

Quatro meses após iniciar a jornada pelas estradas, Dennis compartilhou que a gata tinha a Kombi como casa muito antes dele de começarem a viajar. No relato, ele ainda revela que o portão da 'casa' passou a ser a porta traseira do veículo.

"Nascida em Sorocaba, aos 6 anos embarcou em uma grande aventura de kombi. Antes disso, o costume de Lince era dormir quase o dia todo, comer um montão, tomar um solzinho logo cedo e no meio da madrugada espiar o movimento da rua por debaixo do portão, sentindo os cheiros e atenta aos barulhos orquestrados por gatos, ratos e cães na madrugada. Desde o dia que estacionamos a kombi pela primeira vez, antes das reformas, a Lince já entrava nela e dormia em todos os cantos, além de subir no teto", contou.

"Com 4 meses de estrada, seu portão passou a ser a porta traseira da kombi, que vira e mexe está aberta durante as noites. Dali ela observa o movimento noturno de diversos lugares por onde estamos passando. Entre galinhas, pintinhos, lagartos, gatos, cachorros, banhos de rio, essa gata só nos surpreende entre nossas chegadas e partidas. Na Kombi, assim que damos a partida para pegar a estrada, ela vem pulando e se acomoda na almofadinha que fica no banco da frente".

Dennis também costumava compartilhar como fazia para que Lince se adaptasse nos novos lugares.

"Se chegamos de noite, só a soltamos no dia seguinte, para devagarinho ela ir se ambientando e sentirmos qual é o movimento por ali. Quando ela sai, uma das primeiras coisas que faz é rolar no chão. Achamos que é para camuflar o próprio cheiro. Sai sempre a procura de um piso gelado pra enredar aquela soneca. Gostamos de deixá-la solta, mas nem sempre rola, por conta de outros bichos".

"Sempre que chegamos onde vamos ficar, ela percebe um pouco antes, já apoia suas patinhas no vidro da janela e coloca a cabeça para fora observando com ares de novidade e balançando o rabinho caramelo".

Guadalupe Rausch Tomazzoli é terapeuta comportamental de gatos e conheceu Dennis e Lince no período que ficaram em São Francisco de Paula (RS). Ao g1, ela contou que chamava atenção a maneira como o paulistano adaptou Lince para o novo estilo de vida.

"Eles moravam em apartamento, e para o processo de adaptação, primeiro adaptou ela para a Kombi. Deixava a Kombi aberta para ela entrar e se acostumar. No início foi mais difícil, até entender as necessidades mais específicas da Lince e adaptar a Kombi e a viagem ao ritmo dela. Logo, a Kombi é a referência de casa que a Lince tem, com o cheiro dela".

Guadalupe ainda informou que, após a morte de Dennis, a pessoa que está com a gata contou que a polícia levou a Kombi para perícia com todos os objetos do animal.

"Só deixou ela pegar a ração. Fiquei triste com isso, que não puderam pegar as coisas dela com o cheiro dela. Ela [Lince] perdeu seu tutor, sua casa e suas coisas de referência. Para os gatos ter as coisas e espaços com seu cheiro é segurança", afirmou.



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