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porto velho, quinta-feira 11 de setembro de 2025
BRASIL: "É uma operação de guerra". É assim que o secretário de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, classifica o atendimento que tem sido feito a indígenas doentes que precisam de socorro urgente dentro da Terra Yanomami.
Tapeba está na região de Surucucu e, nesse domingo (22), acompanhou de perto o resgate de Yanomami com quadro grave de desnutrição em uma comunidade dominada pelo garimpo - a atividade ilegal é a principal causa da crise sanitária no território.
A Urihi Associação Yanomami, coordenada pelo presidente do Conselho do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari, divulgou que foram 26 crianças e dois adultos resgatados durante a missão.
Ao se deparar com o cenário de dezenas de indígenas debilitados, ele afirmou, em rápida entrevista ao g1 nesta segunda-feira (23), que tem a impressão que os indígenas foram abandonados: "A sensação é que o estado Brasileiro virou as costas para o território".
"Fizemos o resgate de pelo menos 16 pacientes Yanomami com quadro de desnutrição muito avançada [em uma das comunidades]. É uma operação de guerra, o território está totalmente ocupado, uma grande área do território está ocupada por garimpeiros. São mais de 20 mil garimpeiros, e são 30 mil Yanomami. A sensação que eu tenho é que o Estado brasileiro estava de costa para esse território, para o povo Yanomami", disse.
O resgate dos 16 Yanomami, maioria crianças extremamente desnutridas, ocorreu com apoio da Força Aérea Brasileira e do Exército. Eles foram levados para o polo base de Surucucu - unidade considerada de referência na região, mas que se resume a um barracão de madeira de chão batido e com estrutura precária.
Diante do que viu, Tabepa vai propor ao Ministério da Saúde que seja implantado dentro da reserva um hospital de campanha, que inclua estrutura de alojamento e cozinha comunitária. A ideia é montar a unidade em Surucucu, região considerada o centro da Terra Indígena.
Além da medida emergencial da instalação do hospital de Campanha, a Sesai deve montar um plano de ação que inclua a melhoria de infraestrutura dos polos de saúde, além da logística, insumos, medicamentos, equipamentos, águia potável energia e internet.