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porto velho, quinta-feira 26 de junho de 2025
PORTO VELHO (RO) - Apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo desta quinta-feira (26) recebeu o historiador Beto Reis, que falou um pouco sobre a história do estado de Rondônia e sua formação política e geográfica ao longo dos séculos.
Para Beto Reis, a criação do estado de Rondônia passa pela história do Vale do Guaporé, região que hoje contempla cidades como Cabixi e Costa Marques, localizadas às margens do rio Guaporé, na fronteira com a Bolívia.
De acordo com o historiador, o próprio hino de Rondônia fala dos bandeirantes, que são portugueses que se aventuraram por essas regiões no período em que o estado de Rondônia era parte dos territórios de domínio da coroa espanhola.
“O hino do Estado fala sobre nós, os bandeirantes de Rondônia. Essa região que nós estamos hoje pertencia à Espanha, e esses bandeirantes entram em nossa região e chegam ao Vale do Guaporé, onde acontece um conflito entre Espanha e Portugal. Esses são os bandeirantes, que entraram na Amazônia no século 17 atrás de materiais extrativistas, chegando até a extração do ouro no século 18”, disse Beto Reis.
Ele também falou sobre a construção do Real Forte Príncipe da Beira, levantado para proteger o território que já estava sob controle de Portugal após o Tratado de Tordesilhas, que redefiniu os limites entre os reinos de Espanha e Portugal no território que hoje é a Amazônia.
“A primeira capital do Mato Grosso fica no Vale do Guaporé, por conta disso foi construído o Real Forte Príncipe da Beira, que foi levantado para proteger a fronteira brasileira dos espanhóis. Para isso, veio uma população negra considerável, dando início às comunidades quilombolas no estado de Rondônia”, falou Beto Reis.
Uma curiosidade levantada por Beto Reis é que Rondônia já fez parte da capitania de São Paulo, até que em 1748 foi criada a Capitania do Mato Grosso.
“A capitania de São Paulo vinha até perto da nossa região, quando em 1748 foi criada a capitania do Mato Grosso, que se estendia até o que hoje é o município de Porto Velho. A partir desse ponto começou a ser feita uma espécie de colonização em nossa região”, destacou Beto Reis.
O historiador ainda destacou que foi após a independência da Bolívia dos espanhóis que a região do Vale do Guaporé deu um salto evolutivo, aumentando o comércio e vendo o surgimento de diversas comunidades ao entorno do rio.
“Nós chegamos no século 19 e o Brasil vivia um Império, e tivemos um novo tratado assinado para definir as fronteiras com a Bolívia, que era uma nação recém-criada. Então começa uma firme colonização, comércio e urbanização ao longo do Vale do Guaporé, aliado ao surgimento de várias comunidades à sua margem”, falou Beto Reis.
A Madeira Mamoré, símbolo da história de Porto Velho, também foi abordada por Beto Reis, que garantiu que a sua primeira tentativa de construção foi em 1872, bem antes da data oficial dos registros históricos, que é de 1907.
“Na realidade, a Madeira Mamoré começa em 1872 com a sua primeira tentativa de construção pela Bolívia, que não consegue dar conta do empreendimento. A Estrada de Ferro Madeira Mamoré apenas se tornou possível devido ao seringalismo na Amazônia, que construiu Manaus, Belém, Porto Velho e o estado do Acre”, finalizou Beto Reis.
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