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    porto velho, quinta-feira 23 de janeiro de 2025

O Velho Porto das Sentinelas Avançadas na guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai não chegou a essas paragens do poente. Terminou em Cerro Corá, com o sangue de Solano Lopes...


José Pedro Frazão

Publicada em: 20/01/2025 10:07:08 - Atualizado

imagem Frazão e esposa Ironilde na EFMM

Bem antes de fulgurar no pendão da Pátria, ostentando a beleza e a moldura do seu cristalino céu sempre azul engalanando a natureza, ainda num passado, histórico e conflitante processo de limites e organização geopolítica ibero-sul-americano, as terras do atual Estado de Rondônia pertenceram a diversos povos originários, à Espanha, a Portugal, à Bolívia e às províncias de São Paulo, Mato Grosso e Amazonas.

No início da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1864/1870), logo após a invasão guarani ao sul de Mato Grosso (30/12/1864), D. Pedro II constituiu (em 1865) uma Expedição contraofensiva que adentrou os sertões mato-grossenses em 1866 em direção ao pantanal de Miranda e à fronteira inimiga, culminando na fuga dos invasores e na sofrida e heroica Retirada da Laguna – campanha que se fez com batalhões efetivos e voluntários oriundos do Sudeste, Centro-Oeste e também do Amazonas, com significativa participação de escravos e indígenas.

No mesmo ano de 1866, outra guarnição (cedida pela província do Pará) instalou-se na margem direita do Rio Madeira, onde os militares construíram um porto estratégico abaixo da Vila de Santo Antônio. Tal medida era prevenção defensiva contra o desfecho de uma possível aliança da Bolívia com o Paraguai, posto que o país andino também nutria desejo de ocupar essa área, que outrora lhe pertencera (conforme os tratados de Madri e Santo Ildefonso), cujo domínio se estenderia ainda à região do médio madeira até os limites do atual município de Humaitá-AM. Nesse contexto, ao mesmo tempo, aflorava perigosamente antiga aspiração peruana de avançar sobre esse rico, vulnerável e cobiçado rincão brasileiro.

A Guerra do Paraguai não chegou a essas paragens do poente. Terminou em Cerro Corá, com o sangue de Solano Lopes tingindo as águas do Aquidabán, bem distante das águas do Madeira (ou como lhe chamavam os primitivos Quéchuas, Rio Cuyari [Caiari = Amor]). E em paz, Mato Grosso cedera o litigioso território aos seus destemidos pioneiros da Província do Amazonas, com exceção de uma parte onde se erguiam Guajará Mirim e Santo Antônio, que, somente mais tarde, com o surgimento de Porto Velho, uniram-se a esta na formação do território federal do Guaporé, que se tornou território de Rondônia e, atualmente, estado de Rondônia. Destarte, em apoteose, a novíssima integrante do nosso lábaro estrelado manteve como capital a urbe de Farquhar, nascida com as bênçãos de Santo Antônio, nos trilhos e no berço encachoeirado da Madeira Mamoré, e batizada com o nome do velho porto das sentinelas avançadas: Porto Velho.


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