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porto velho, terça-feira 25 de março de 2025
Cara de Sorte - Tema abordado pelo advogado Fábio Vilela
A vida nunca me perguntou se eu estava pronto. Aos 12 anos, ela simplesmente me lançou ao mundo, esperando que eu aprendesse a caminhar sozinho. Fiquei órfão cedo demais, forçado a ser meu próprio alicerce quando ainda nem sabia como construir um. Acreditei que as cicatrizes haviam se fechado, mas bastava um esbarrão do destino para perceber que elas estavam apenas adormecidas.
O tempo, esse mestre silencioso, continuou seu curso. E, quando menos esperava, encontrei alguém. Não era qualquer pessoa; era a pessoa. Alegre, de bem com a vida, cheia de energia daquelas que iluminam qualquer ambiente só de entrar. Ela conquistou meu coração, meu corpo e minha alma. Mostrou-me que a felicidade não era um conceito distante, mas algo palpável, algo que se podia tocar, sentir, viver.
Entre namoro e casamento, foram 38 anos juntos. Passamos por momentos difíceis, mas também por incontáveis alegrias. Tivemos dois filhos, a maior prova de que o amor que construímos não era apenas nosso, mas também do mundo. Olhar para eles me dá forças, me faz seguir em frente, lembra-me que minha existência tem um propósito maior do que apenas sentir saudade.
Mas a vida, essa senhora imprevisível, não nos permitiu envelhecer juntos. Fiquei aqui, com o desafio de ser pai e mãe ao mesmo tempo uma missão na qual, confesso, não sou tão bom quanto gostaria. Não reclamo; apenas reflito.
E, no fim das contas, entre todas as dores e desafios, chego a uma conclusão: sou um cara de sorte. Sorte de ter vivido um grande amor, de ter construído uma família, de ter compartilhado a vida com alguém extraordinário. Sorte de carregar em mim a honestidade do Seu Oscar e o olhar sábio de Dona Regina. Sorte de ter escolhido uma mulher cujo bom humor transformou minha vida.
Acima de tudo, sou grato por nunca ter caminhado sozinho. Em minha jornada, Deus colocou anjos humanos para me sustentar quando minhas pernas fraquejavam e para me lembrar que a vida, apesar das dores, sempre vale a pena. Minha gratidão eterna à Tia Aninha, Surania, Chiquinho, Joelma, Dona Solange, Pedro Carlos, Mario Calixto, Geraldo Tadeu amigo e irmão e tantos outros que sempre me envolveram com suas orações e carinho. Não cito todos, pois seria injusto esquecer alguém, mas cada um deles está guardado em minha alma.
E, graças a Deus, Ele sempre me deu o privilégio de estender a mão mais para oferecer do que para pedir. Sou ou não sou um carde sorte?
Aos que tentaram puxar meu tapete, agradeço também. Talvez não saibam que meu tapete sabe voar entre as nuvens e que, em meio a todas as turbulências, sempre tive Deus como meu instrutor de voo.
Hoje, ao olhar para trás, vejo que cada desafio, cada perda e cada vitória moldaram o homem que sou. As cicatrizes que carrego não são sinais de fraqueza, mas de resistência. E, apesar das tempestades enfrentadas, meu coração permanece grato, pois sei que sou, verdadeiramente, um cara de sorte.
Abençoado por Deus.