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porto velho, sexta-feira 17 de janeiro de 2025
Marcas separadas, cobertura de 90% das rotas aéreas do Brasil e domínio como maior operadora da região. Se confirmada, esse deve ser o resultado da união entre Azul e Gol.
O grupo controlador da Gol e da Avianca, o grupo Abra, assinou com a Azul um memorando de entendimento para união dos negócios, de acordo com a informação divulgada nesta quarta-feira (15) pela CNN.
No documento, a empresa que controla a Gol informa que o acordo não vinculante tem “objetivo de explorar uma combinação de negócios no Brasil”.
O comunicado cita que o acordo é apenas uma “fase inicial de um processo de negociação entre a Abra e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação”.
Se concretizado, o acordo prevê que ambas empresas deverão manter suas marcas e certificados operacionais de forma independente.
O que diz o acordo assinado pelas empresas
No documento, a empresa que controla a Gol informa que o acordo não vinculante tem “objetivo de explorar uma combinação de negócios no Brasil”.
O comunicado cita que o acordo é apenas uma “fase inicial de um processo de negociação entre a Abra e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação”.
O avanço do acordo depende, necessariamente, da concretização do plano de reorganização previsto no processo de recuperação judicial da Gol nos EUA.
Analistas têm destacado que a transação pode ser complexa do ponto de vista regulatório, mas reconhecem que a recente turbulência nos mercados, incluindo a forte desvalorização do real nos últimos meses, pode ter ajudado o negócio a avançar.
CEO da Azul fala sobre acordo com a Gol para unir negócios; Veja íntegra | CNN PRIME TIME
O que acordo significa para operações da Gol e Azul
As empresas já operam sob um acordo de cooperação com objetivo de ampliar a oferta de destinos e conveniência aos passageiros.
A Azul e a Gol devem apostar na complementaridade de suas malhas para obter aprovação antitruste. Juntas as áreas detém aproximadamente 90% das rotas são complementares e não sobrepostas.
A Gol está mais focada em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a Azul possui uma malha mais ampla.
• Reprodução/CNN
A frota da Azul inclui jatos regionais da Embraer, além de aviões tanto de corredor único quanto de corredor duplo fabricados pela Airbus. Ao todo são 182 aeronaves. Já a Gol opera apenas o modelo Boeing 737, com uma frota de 138 aeronaves.
Perguntado sobre possíveis preocupações do mercado com fatores concorrenciais, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, disse em entrevista à Reuters que outras empresas com participações dominantes em seus mercados domésticos, como a Latam no Chile, a Lufthansa na Alemanha e IAG no Reino Unido.
“Esses outros países entenderam a importância de ter uma empresa forte que pode crescer. Especialmente uma empresa forte que compra aeronave local”, afirmou o executivo.
Em nota, a Azul cita que as duas empresas têm quase 90% de rotas complementares no Brasil. Para a Azul, o plano colocaria “o Brasil em um nível maior de força global em um setor altamente globalizado”.
O que acordo significa para os negócios da Gol e Azul
O memorando de entendimentos reforça o interesse da Azul e da Abra em continuar as negociações em relação à proposta de troca de ações e marca o início do processo para a obtenção de aprovações regulatórias, incluindo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Caso implementada a operação, a Azul e a Gol manterão seus certificados operacionais segregados sob uma única entidade resultante listada, sendo esperado que outras áreas sejam combinadas para oferecer mais oportunidades e produtos aos clientes e obter ganhos de eficiência”, afirmou a Azul no comunicado.
Também acrescentou que a Abra e a Azul concordaram com um “princípio comercial de que qualquer combinação resultará em uma alavancagem líquida da entidade combinada que será pelo menos comparável à alavancagem líquida da Gol imediatamente antes do fechamento da potencial transação”.
Caso aprovado, Abra poderá vender até 25% de suas ações, contanto que não seja para concorrentes das empresas. O acordo também prevê uma “poison pill” para compra de 15% da empresa combinada.
• Reprodução/CNN
As companhias aéreas têm enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos, especialmente depois da pandemia de Covid-19. A maioria foi forçada a reestruturar dívidas e várias entraram em recuperação judicial.
A Gol está em processo de reorganização nos Estados Unidos desde o início de 2024.
Uma combinação de negócios entre as empresas ocorreria após a saída da Gol do processo de recuperação judicial nos EUA. Nesta quarta-feira, a empresa divulgou um novo plano estratégico de cinco anos, estabelecendo bases para a saída do chamado “Chapter 11”, o que deve ocorrer até maio.
Já a Azul também teve de fechar acordos com arrendadores para eliminar obrigações em troca de participação acionária na empresa, bem como com detentores de títulos para obter novo capital.
Passagens ficaram mais caras?
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, avaliou que o negócio não deve impactar o preço das passagens aéreas nem afetar as operações da Latam.
“Vai fortalecer a aviação brasileira. Não vejo risco de aumento de preços de passagens. Até porque tem o Cade e a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] para fazer o papel de fiscalização. O que estamos observando é que essas duas companhias estão tentando se fortalecer para ajudar mais o Brasil”, afirmou Silvio a jornalistas.
Silvio Costa Filho disse ser necessário aguardar a avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o processo. Segundo o ministro, a realização de uma reunião com porta-vozes da Azul e da Gol está prevista para esclarecer os termos da fusão.
“Não vejo prejuízo para o Brasil. Pelo contrário, acho que vamos ter o fortalecimento das companhias e da aviação regional, o que vai fazer com que mais aviões cheguem no Brasil e mais voos cheguem no país”, disse.