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porto velho, quinta-feira 6 de março de 2025
BRASIL - O dólar fechou em queda acentuada e a bolsa brasileira sobe nesta quarta-feira (5), com investidores em todo o mundo acompanhando os desdobramentos das tarifas sobre importações impostas pelos Estados Unidos aos principais parceiros comerciais.
Após dois dias sem negociações pelo feriado de Carnaval, o mercado voltou a operar no Brasil em uma sessão de reversão do mau humor que tomou conta das negociações na semana com sinalização de flexibilização das taxas pelos norte-americanos.
Mais cedo, a Casa Branca confirmou que tarifas sobre carros importados do México e do Canadá serão adiadas em um mês.
Na terça (4), produtos dos dois países passaram a receber taxas de 25% para entrarem nos EUA. No mesmo dia, itens da China tiveram uma sobretaxa de 10%, totalizando 20%.
O clima otimista dá força para o dólar cair em todo o mundo, com Brasil entre os países mais beneficiados.
A divisa encerrou a sessão com perda de 2,72%, negociado a R$ 5,755 na venda.
Na mesma hora, o Ibovespa registrava alta de 0,2%, aos 123 mil pontos, em linha com avanços em Wall Street e nas principais praças da Europa.
Tarifas nos EUA
O presidente Donald Trump concedeu uma isenção sobre tarifas de automóveis no México e Canadá por um mês, confirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.
“Conversamos com as três grandes concessionárias de automóveis. Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que venha pelo USMCA [Acordo Estados Unidos-México-Canadá]”, disse Trump em uma declaração que Leavitt leu em um briefing da Casa Branca.
Essas concessionárias incluíam Stellantis, Ford e General Motors.
“Ele disse a eles que deveriam entrar nisso, começar a investir, começar a se mudar, transferir a produção para os Estados Unidos da América, onde não pagarão tarifas. Esse é o objetivo final”, acrescentou ela.
“As tarifas recíprocas ainda entrarão em vigor em 2 de abril. Mas, a pedido das empresas associadas ao USMCA, o presidente está dando a elas uma isenção por um mês para que não fiquem em desvantagem econômica.”
Bateria de dados
Agentes financeiros também voltarão suas atenções para a agenda cheia de dados nesta sessão.
Nos EUA, estarão no radar o relatório da ADP sobre a criação de vagas de emprego no setor privado, e a pesquisa do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) sobre o setor de serviços.
No mercado de trabalho, a criação de vagas no setor privado dos Estados Unidos desacelerou acentuadamente em fevereiro, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP.
Já sobre os serviços, o crescimento do setor nos Estados Unidos acelerou inesperadamente em fevereiro e os preços dos insumos aumentaram, o que, combinado com um recente aumento no custo das matérias-primas nas fábricas, sugere que a inflação pode se intensificar nos próximos meses.
China prevê crescimento de 5%
Ainda no cenário global, a China liberou mais estímulos fiscais nesta quarta-feira (5), prometendo esforços maiores para sustentar o consumo e amortecer o impacto da escalada da guerra comercial com os Estados Unidos em uma economia que Pequim está determinada a fazer crescer 5% ou mais este ano.
O primeiro-ministro Li Qiang, em um discurso na abertura da reunião anual do Parlamento da China, alertou que “mudanças nunca vistas em um século estão ocorrendo em todo o mundo em um ritmo mais rápido”.
“Um ambiente externo cada vez mais complexo e severo pode exercer um impacto maior sobre a China em áreas como comércio, ciência e tecnologia”, disse Li.
As autoridades chinesas estão sendo pressionadas a estimular o consumo para afastar as pressões deflacionárias e reduzir a dependência da segunda maior economia do mundo das exportações e dos investimentos para crescer.
Mercado para de subir expectativa para inflação
As expectativas para a inflação brasileira ao fim deste ano pararam de subir após 19 semanas seguidas de revisões para cima, mostraram dados do Boletim Focus publicados pelo Banco Central (BC), nesta quarta.
A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou estacionada em 5,65%, acima do limite da meta perseguida pelo BC.
As expectativas para 2026 foram mantidas em 4,4%, a primeira pausa na elevação das expectativas em nove semanas.
A autoridade monetária persegue meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%).
Os analistas do mercado mantiveram a expectativa para os juros em 15% ao fim de 2025 e de 12,5% no próximo ano.
Foi a oitava semana seguida que o mercado segurou a previsão para a Selic deste ano, enquanto as previsões de 2026 se repetiram pela 5ª edição consecutiva.
A taxa básica de juros subiu a 13,25% ao ano em janeiro, em continuidade ao ciclo de alta dos juros deflagrado pelo BC em setembro do ano passado, quando os juros estavam estacionais em 10,5%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC volta a se reunir entre os dias 18 e 19 deste mês, com expectativa de nova elevação de 1 ponto percentual.