Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 31 de maio de 2025
O dólar fechou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,66, nesta quinta-feira (22/5). O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), caiu 0,44%, aos 137.272 pontos.
Nos dois mercados, tanto no de câmbio como no de ações, houve uma forte variação dos indicadores, a partir das 15h30, depois da divulgação do Relatório Bimestral Fiscal, anunciado pelo governo em Brasília. A partir daí, o dólar disparou e o Ibovespa desabou.
Na avaliação de economistas, num primeiro momento, o mercado reagiu de forma positiva aos dados apresentados pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. A seguir, com o detalhamento das medidas, o humor dos investidores virou.
“O governo anunciou um contingenciamento e bloqueio no valor total R$ 31,3 bilhões, o que foi positivo, acima da expectativa do mercado, próxima de R$ 15 bilhões”, diz Rafaela Vitoria, economista sênior do Banco Inter. “Por outro lado, a revisão de alta das despesas foi significativa, com acréscimo de R$ 25,8 bilhões, principalmente na Previdência e no BPC (Benefício de Prestação Continuada).”
Gastos desafiadores
A economista observa que, segundo o atual relatório, há uma nova estimativa de crescimento da despesa total, acima de 4%, além da inflação em 2025, que deve ultrapassar 19% do PIB. “O governo trouxe um pouco mais de transparência reduzindo a subavaliação das despesas obrigatórias, mas o controle do crescimento dos gastos ainda se mostra desafiador”, afirma.
Ela considera que, com o atual arcabouço, “estamos longe de um ajuste fiscal sustentável, com déficit estimado em R$ 97 bilhões para este ano”. “O cumprimento da meta no seu piso (-R$ 31bilhões) será garantido com o contingenciamento e empoçamento, mas para 2026 segue o cenário ainda incerto”, diz Rafaela.
Se no Brasil, o principal vetor do mercado foi a divulgação do Relatório Bimestral Fiscal, no cenário externo, os investidores acompanharam dois fatos de peso. Foram eles a aprovação por parte da Câmara dos Estados Unidos do pacote econômico do presidente Donald Trump, que prevê corte de impostos e gastos, além de declarações de integrantes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre corte de juros.
Trump obteve uma vitória nesta quinta-feira. Por 215 votos a favor e 214 contra, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o pacote de medidas de corte de impostos e gastos, uma das bandeiras da administração do republicano. Ele batizou a medida de “Beautiful Bill” (“Belíssimo projeto de lei”).
A aprovação ocorreu depois de dois dias de debates e seguirá para apreciação do Senado. O pacote, contudo, deve aumentar a dívida federal americana em cerca de US$ 3,8 trilhões na próxima década, segundo estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês).