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porto velho, quarta-feira 1 de outubro de 2025
A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito voltou a subir e chegou a 451,5% ao ano em agosto. O patamar é o maior para mês desde 2016, quando chegou a 482,7% ao ano. O indicador subiu 5,3 pontos percentuais em relação a julho, quando a taxa era de 446,2% ao ano.
A informação consta das Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central.
Na prática, isso significa que qualquer dívida no cartão de crédito feita há um ano cresce cinco vezes se o consumidor não pagar a fatura no dia do vencimento.
Por exemplo, o consumidor que devia R$ 800 em agosto do ano passado precisa desembolsar um adicional de R$ 3.612 para quitar o saldo devedor com a instituição financeira após um ano, totalizando uma dívida de R$ 4.412.
Apesar da alta dos juros, em dezembro de 2023, o Conselho Monetário Nacional determinou um limite de 100% para as taxas de juros do rotativo após o Congresso Nacional aprovar uma lei com essa regra.
A decisão entrou em vigor no ano passado e vale para as dívidas contraídas a partir de janeiro. Sendo assim, com a nova norma, se a dívida for de R$ 200, por exemplo, o valor total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 400.
As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano.
Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente, são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.
O cheque especial, segunda linha de crédito mais cara disponível no mercado, que está embutida na conta-corrente dos brasileiros, caiu em agosto. Os juros médios chegaram a 137,9% ao ano, 0,3 ponto percentual a menos do que o registrado em julho.
No cheque especial, uma dívida de R$ 800 mantida por um ano sem pagamento salta para R$ 1.903,20.
Para driblar os índices das modalidades com as maiores taxas de juros do mercado, os consumidores podem aderir ao empréstimo consignado, que oferece desconto direto na folha de pagamento. A taxa da linha de crédito subiu 0,3 ponto percentual em agosto e figura em 26,7% ao ano, a maior para o mês desde 2017, quando registrou 27,2%.
Dentro do consignado, as taxas variam entre os grupos de profissionais, com a menor delas cobrada aos beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 24,1% ao ano. Para os servidores públicos e trabalhadores do setor privado, as cobranças figuram em, respectivamente, 24,8% e 56,3% ao ano.