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Alta da inflação deve elevar taxa de juros pela 3ª vez consecutiva

Especialistas do mercado financeiro esperam alta de 0,75 ponto percentual na Selic, seguindo movimento iniciado em março


R7

Publicada em: 15/06/2021 09:59:46 - Atualizado

BRASIL: A taxa básica de juros Selic deve manter a trajetória de alta, iniciada em março, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) que começa nesta terça-feira (15) e termina amanhã.

Em março, a Selic passou de 2% para 2,75% ao ano, interrompendo uma série de quedas registrada desde julho de 2015, com uma sequência de reduções consecutivas desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história. Em maio, teve novo aumento de 0,75 ponto e está atualmente em 3,50%.

Analistas dão como certa alta de pelo menos 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros no anúncio de quarta-feira.

"A expectativa é de que a taxa Selic seja fixada em 4,25%. O aumento na taxa Selic é um reflexo dos índices de inflação divulgados recentemente. As projeções evidenciam a tendência de que o IPCA fique acima da meta definida para o ano de 2021. Como uma medida para manter a inflação dentro do centro da meta, a tendência é de que ocorram novos aumentos na taxa Selic até o final do ano”, avalia o economista Jhonatan Hoff, professor da Fipecafi.

Hoff explica que a inflação acumulada no último mês de maio ficou acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e pelas próprias expectativas divulgadas pelo Banco Central. Como a Selic é utilizada como uma referência para as demais taxas de juros da economia, ela também é utilizada como um mecanismo de controle a inflação.

"Com o aumento dos índices de inflação existe uma expectativa de que a Selic seja reajustada para cima, buscando controlar a inflação, uma vez que juros mais altos encarecem o crédito, diminuem a quantidade de moeda em circulação e pressionam os preços dos produtos para baixo”, afirma Hoff.

Nesta segunda-feira (14), o Boletim Focus do Banco Central registrou a décima alta semanal seguida da expectativa mediana para a inflação, com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2021 de 5,82% - muito acima do teto da meta de 5,25%. Para 2022, foi a quinta elevação consecutiva. Desta vez, a mediana das estimativas subiu de 3,70% para 3,78% - 0,28 ponto porcentual acima do alvo central (3,50%).

Impacto nos investimentos

A incerteza envolvida no desenrolar da crise sanitária e na retomada do crescimento econômico exige uma cautela ainda maior dos investidores. "O aumento da Selic no cenário atual ocasionará uma remuneração maior em aplicações de renda fixa. Os investidores que buscam retornos maiores em aplicações de renda variável devem avaliar os riscos com prudência e estabelecer medidas para a gestão desses mesmos riscos”, orienta o professor da Fipecafi.

A tendência de alta da taxa Selic deve persistir ao londo do ano. "O mercado vai observar a reação do Copom quanto ao ajuste parcial da política monetária. Com a retomada da atividade e pressão crescente sobre índices de inflação, especialmente nos preços ao produtor, vemos a Selic em 6,5% no fim de 2021", avalia Paula Zogbi, analista da Rico.

Piso para demais taxas

A Selic representa os juros mais baixos a serem cobrados na economia e funciona como forma de piso para as demais taxas cobradas no mercado financeiro. Significa que a Selic é aquela taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores a ela.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Sempre que o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.



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