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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
MATO GROSSO - No ano passado Mato Grosso produziu, de forma legal, 50% de toda madeira nativa utilizada para fins comerciais no Brasil, conforme estudo do Instituto Centro de Vida (ICV). Os dados apontam ainda que, em números, é a mesma quantidade de madeira legal produzida formalmente pelos demais estados brasileiros que formam a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).
O mesmo estudo demonstra que a exploração ilegal de madeira nativa também está em queda. Passou de 54% em 2011 para 38% em 2020.
Estes números reforçam a sustentabilidade da colheita da madeira nativa, que é baseada em parâmetros estabelecidos na legislação para o manejo florestal sustentável, aliando desenvolvimento econômico e conservação da floresta.
O estudo analisou 482 autorizações de exploração florestal emitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT). Dos 234,2 mil hectares mapeados, 145,9 mil foram explorados legalmente, ou seja, com autorização válida e dentro da área autorizada. Já a exploração ilegal ocorreu em áreas, em média, 2/3 menores do que as áreas exploradas legalizadas, ou seja, ocorrem em áreas menores e espalhadas, com o intuito de dificultar o monitoramento.
De acordo com o ICV, 13% da ilegalidade detectada ocorreu em imóveis com autorização vencida. Assim, considerando dados reais sobre a conservação da Amazônia, o percentual de exploração ilegal que efetivamente lesou o bioma é menor do que o montante apresentado no estudo, pois, houve aprovação prévia pelo órgão ambiental para a realização da atividade nestas áreas, no entanto, os processos não foram renovados.
Em nota emitida pela Sema/MT, em agosto de 2021, cerca de R$ 73 milhões foram destinados ao combate de crimes ambientais em Mato Grosso. Historicamente, o maior investimento do gênero. O aporte crescente em ações de combate permitiu redução efetiva de 21% dos alertas de desmatamento em comparação aos anos anteriores.
O resultado é quase cinco vezes maior do que a média de redução dos estados da Amazônia Legal, que é de 4,3%, afirmou o ICV, em trecho do documento.
Aliado a isso, Mato Grosso possui cerca de 62% de seu território conservado, fruto do trabalho desenvolvido pelo setor de base florestal, e também das atividades fiscais da Sema/MT e Ibama, ampliadas por meio de constantes investimentos e consequentemente, do aprimoramento dos equipamentos de monitoramento.
Rafael Mason, presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeiras do Estado de Mato Grosso (Cipem), explicou que apesar dos avanços apontados pelo estudo há ainda muito trabalho a ser feito com investimentos e emprego de tecnologias para aperfeiçoamento contínuo da melhoria na gestão florestal. Para ele, “com a modernização dos sistemas de controle da comercialização e uso de imagens via satélite, os órgãos de comando e controle estão avançando gradualmente no desafio de livrar Mato Grosso das práticas ilegais. Espera-se que as ações para identificar e coibir as práticas ilegais sejam ainda mais efetivas após a implantação do Sisflora 2.0 e implementação da rastreabilidade”.
O presidente enfatizou que o Cipem busca constantemente o fortalecimento do associativismo e organização do setor de base florestal de Mato Grosso, bem como a aproximação com órgãos ambientais competentes. “A redução dos percentuais de exploração ilegal, aliada ao aumento das autorizações de exploração florestal por meio do manejo florestal sustentável sinaliza evolução e amadurecimento do Estado como um todo, pois esta é a atividade econômica de uso do solo que mais conserva a cobertura florestal”, explicou Mason ao concluir: “o Cipem, sindicatos e indústrias associadas têm, entre suas missões, contribuir com ações para a produção sustentável de madeira nativa com respeito ao meio ambiente”.