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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
Os Estados Unidos e o Brasil definem nesta quarta-feira (4) as suas taxas de juros em meio às reuniões, respectivamente, do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) e do Comitê de Política Monetária (Copom). Devido à importância para os investidores, e quando a data das duas decisões coincidem, é chamada “super quarta”.
Entretanto, os números das taxas após as decisões já são praticamente consensuais. É esperado que o Copom, ligado ao Banco Central, suba a taxa básica de juros, a taxa Selic, em um ponto percentual (p.p.), para 12,75% ao ano.
Já nos Estados Unidos, a expectativa é que o Fomc, ligado ao Federal Reserve, eleva os juros em 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 0,75% e 1% ao ano.
Para especialistas consultados pelo site, o interesse dos investidores está muito mais nas informações divulgadas após as duas reuniões, e quais sinais as duas autarquias darão sobre seus próximos passos enquanto tentam combater níveis historicamente elevados de inflação.
Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, afirma que entre as últimas reuniões das autarquias, em março, e as de agora, a principal novidade foi a inflação acima do esperado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
“A do Brasil veio acima do esperado, mas não no mesmo nível, então impactou menos. A guerra na Ucrânia ainda não acabou, tem todo um efeito cascata nos preços, e isso influencia, em especial nos Estados Unidos”, diz.
O consenso no mercado e entre economistas é que a Selic deverá ter a sua décima alta consecutiva, chegando aos 12,75%, nesta quarta-feira. O principal fator por trás disso seria a persistência do processo inflacionário, piorado pelos efeitos da guerra na Ucrânia.
André Perfeito, economista-chefe da Necton, considera que a alta já está precificada pelo mercado e dificilmente não será realizada. Ele também espera que ela seja seguida por outra alta em junho, de 0,5 p.p., deixando a Selic a 13,25% até o final do ano.
“A inflação em 12 meses vai começar a cair mesmo em maio, e vai ter essa sinalização só em junho, acho que seria prudente subir em junho e parar”, diz.
Para ele, “amanhã o BC vai querer encaminhar a discussão para o fim do ciclo. Ele tem falado que entende que a taxa está suficientemente elevada, acima da taxa neutra, e está desacelerando a economia, então vão bater mais nessa hipótese”.
Izac avalia que o Brasil foi um dos primeiros países a começar uma trajetória de alta de juros para conter uma inflação com causas comuns em diversos países, apesar das individualidades de cada nação. Nesse sentido, o movimento “traz um pouco de conforto, respaldo, em relação até onde vai a taxa de juros”.