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porto velho, sábado 13 de setembro de 2025
A bolha cinéfila brasileira foi tomada por uma disputa intensa nos últimos dias envolvendo dois dos seis finalistas que tentam uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar do ano que vem. De um lado está Manas, dirigido por Marianna Brennand, e do outro O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que até a semana passada era considerado o franco favorito.
Nas redes sociais, fãs e cinéfilos têm se dividido em defesa apaixonada de um ou de outro filme, enquanto as equipes intensificam campanhas. A produção de Manas, por exemplo, destacou em postagens que é “o único dos seis finalistas dirigido por uma mulher”, além de contar com vídeos de celebridades exaltando o tema central da obra, incluindo Fernanda Torres: o combate ao abuso sexual de menores.
Já a campanha de O Agente Secreto aposta no prestígio internacional de Kleber Mendonça Filho e de Wagner Moura, protagonista do longa. Em uma das postagens, a produção ressaltou que a revista Variety aposta no filme em diversas categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. A distribuição internacional do longa ficou a cargo da Neon, responsável por sucessos recentes como Anora, vencedor do Oscar no ano passado.
Além dos dois favoritos, seguem na disputa O Último Azul, de Gabriel Mascaro; Baby, de Marcelo Caetano; Kasa Branca, de Luciano Vidigal; e Oeste Outra Vez, de Erico Rassi. O anúncio oficial do escolhido será feito na manhã de segunda-feira (15) pela Academia Brasileira de Cinema, que também realizará uma coletiva para apresentar os nomes da comissão responsável pela decisão.
Desde que a lista foi reduzida de 16 para seis filmes, na última semana, Manas ganhou força, impulsionado por uma carta de apoio assinada por cerca de 70 empresas, incluindo grandes grupos como a Vale e companhias da própria família Brennand. A carta defende que indicar o longa ao Oscar “é uma forma de amplificar vozes de meninas e mulheres que, por tanto tempo, foram invisibilizadas”.
Do outro lado, O Agente Secreto conta com a visibilidade acumulada desde sua exibição no Festival de Cannes, onde recebeu prêmios de melhor direção e melhor ator para Wagner Moura. Além disso, nomes como Walter Salles e Fernanda Torres demonstraram apoio público à produção, que já vinha articulando sua campanha de forma estratégica desde maio.
Nos bastidores, no entanto, a disputa tem gerado desconforto e acusações veladas. Bárbara Paz, diretora secretária da Academia, foi criticada após curtir publicações em apoio a Manas, enquanto Fernanda Torres precisou se retratar ao postar o trailer de diferentes filmes na tentativa de equilibrar os ânimos.
A tensão lembra a polêmica de seis anos atrás, quando Bacurau, também de Mendonça Filho, acabou preterido por A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, em uma das escolhas mais controversas da história recente da premiação brasileira.