Na manhã deste domingo (24), após a segunda noite de desfiles, enquanto Jorge Perlingeiro ainda recolhia os envelopes com os mapas de notas dos jurados, o dirigente celebrou com alívio o primeiro ano de desfiles sob sua gestão, enalteceu as agremiações e afirmou que a realização do evento esteve ameaçada.

Uma das vozes mais conhecidas do Carnaval, por ser quem tradicionalmente lê as notas na apuração carioca do Grupo Especial, o que fará em 2022 pelo 30º ano consecutivo, Perlingeiro também é, há um ano, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

“Depois de dois anos de ausência, todos queriam ver o espetáculo na avenida. Foram quatro adiamentos, um descrédito. Eu cheguei a dizer para o prefeito Eduardo Paes que nós não resistiríamos a um quinto adiamento e jogaríamos para 2023, se fosse o caso. Quem esperou dois anos espera três. Mas, felizmente, deu tudo certo, em meio às incertezas. É um evento muito grande e poderoso, as escolas fizeram um belo trabalho e temos várias favoritas”, afirma.

O dirigente comemorou a reforma da passarela do samba, com troca do piso, melhora do escoamento das águas em caso de chuvas e a nova iluminação. Mas tratou também de planos para os próximos desfiles.

Entre eles, está a realização periódica de um carnaval fora de época em julho, com desfiles menores e, possivelmente, temáticos, na Marquês de Sapucaí. A ideia ainda será debatida com os dirigentes das agremiações.

“Sou muito favorável. Seria um desfile sem competição, um espetáculo mesmo. Para levar público, atrair turistas e envolver as comunidades. Nós precisamos usar mais a Marquês de Sapucaí e aproveitar esse período de férias. Podemos fazer como em 2000, quando escolhemos o tema Descobrimento do Brasil, e cada escola retratou um período. Podemos fazer isso com heróis nacionais, estados, cidades ou pontos turísticos”, pondera.

A expectativa é implementar a novidade a partir de 2023. Em janeiro de 2021, uma lei que pretende criar um evento nesses moldes foi sancionada pelo governador Cláudio Castro (PL). Na ocasião, a Liesa, então presidida por Jorge Castanheira, afirmou ter sido pega de surpresa pela proposta. Agora, Perlingeiro quer debater o tema também com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a indústria hoteleira e o setor de bares e restaurantes.

Ainda sem números fechados, a Liesa estima que a Sapucaí tenha recebido cerca de 72 mil pessoas por noite de desfiles deste fim de semana.

Para os próximos anos, Perlingeiro quer reduzir o número de credenciamentos para as duas noites de desfile. Esse ano, foram cerca de 26 mil profissionais, número que inclui todos os tipos de prestadores de serviços: ambulantes e funcionários de quiosques, auxiliares de serviços gerais, atendentes, balconistas, artistas que se apresentam nos camarotes e imprensa.

“A cada ano esse acesso tem sido mais flexibilizado. O carnaval do Rio é o único evento no qual não há convite: você tem ingresso ou é credenciado. O convite pode melhorar isso, criar uma limitação, quem não for convidado e não tiver credencial, verá de casa, pela TV. Precisamos evitar o excesso de pessoas na pista, na concentração, na armação, para poluir menos o espetáculo. Tudo sempre pode melhorar”, explica.

A venda de ingressos para o desfile das campeãs, que reunirá as seis primeiras colocadas, será retomada na segunda-feira (24).

Ainda há entradas para arquibancadas e frisas. A apuração será realizada na terça-feira (26), na Praça da Apoteose. A liga promete divulgar na quinta-feira (28) as justificativas dos jurados para as notas.