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    porto velho, sábado 5 de outubro de 2024

Luxa roubou 2024 que o Corinthians havia reservado para Tite

O interesse é que Luxa fique na próxima temporada


R7

Publicada em: 26/08/2023 10:46:16 - Atualizado

São Paulo, Brasil

Em oito meses, o Corinthians conseguiu mais uma reviravolta história na sua trajetória.

2023 tinha perspectivas sombrias.

O grupo Renovação & Transparência, que domina o clube desde 2007 lançou para presidente, pelo revezamento entre os candidatos, o braço direito de Andrés Sanchez, que que sonha estar no cargo há dez anos: André de Oliveira, que prefere ser chamado de André Negão.

Para o R&T seguir no poder precisava de uma campanha aceitável no futebol.

E o medo era grande.

O grande sonho era não ser rebaixado no Brasileiro.

Medo era repetir 2007.

Se escapasse, teria um trunfo excelente, com grande repercussão no Parque São Jorge.

Um 'puxa-votos infalível 'para André.

A diretoria não nutria grandes expectativas, sabia ser um risco fundamental cargo de treinador a um novato.

Fernando Lázaro, filho do ídolo, o ex-lateral Zé Maria, assumiu por indicação de Tite, que havia sido procurado pela segunda vez pelo presidente Adilio Monteiro Alves.

O elenco tinha poucas boas peças e jovens jogadores que não despertavam confiança da direção e não recebiam apoio da Comissão Técnica.

Lázaro estava tentando aprender e sobreviver.

Lógico, que o filho de Zé Mária não conseguiu aprender a ser treinador assumindo o Corinthians. O analista de desempenhos foi demitido.

O ex-jogador Danilo passou como um raio.

A escolha de Cuca foi desastrosa, desrespeitosa com a histórica batalha pelo fim da violência contra mulheres pelo clube.

Estar exposto na equipe de mais mídia na cidade mais rica de São Paulo travou a carreira de Cuca.

O time, inseguro, parecia caminha para os vexames.

Foi quando Andrés Sanchez sugeriu um técnico que estava encostado, largado, pelo futebol brasileiro. Vanderlei Luxemburgo vinha de 15 demissões seguidas. Seu passado brilhante, espetacular, parecia ter ido embora para sempre.

Foi resgatado por Duilio como ação emergencial. O plano era simples. Um dar um choque de realidade no elenco, tendo sempre como meta principal, campanha digna no Brasileiro.

As organizadas, que sustentam a chapa de Andrés, estavam histéricas. O mentor pediu um 'voto de confiança'. Conseguiu para Vanderlei. Incluse, com esperta participação do treinador de 71 anos.

A equipe logo foi eliminada da Libertadores, como era previsível.

Luxa percebeu que não tinha 'nada a perder'. E tratou de tirar do elenco jogadores que já iriam embora como Balbuena e Du Queiroz. Tirou o mínimo espaço atletas como Castillo e Roni. Travou Barella. Apostou forte na base do próprio clube.

Sabia da necessidade de o Corinthians vender. E com o olho clínico que sempre teve para enxergar garotos com talento fez apostas certeiras em Murillo, Moscardo, Wesley, Matheus Araújo, Biro, Ryan, Felipe Augusto.

Enfrentou com firmeza a saída de Róger Guedes, o jogador mais efetivo.

Quando todos pensaram que o Corinthians fosse ruir, pelo contrário.

Graças ao treinador, vendas muito mais lucrativas do que o esperado, de Murillo, ontem para o Nothingham Forest, R$ 68,6 milhões, por 80% dos direitos do jogador de 21 anos.

E Adson, ao Nantes. R$ 26 milhões por 50%. Mantendo 20%.

A diretoria agradeceu muito à coragem do treinador em colocá-los para jogar em um momento tão difícil do clube.

Luxemburgo faz seu melhor trabalho desde 2004.

Montou uma equipe competitiva, vibrante, tirando o máximo de cada jogador.

Chegou à semifinal da Copa do Brasil.

Está a um empate, contra o Estudiantes de la Plata, e a semifinal da Copa Sul-Americana.

No Brasileiro, em 12º, mostra firmeza para ficar longe da zona do rebaixamento.

Ou seja, foi muito, mas muito além do que o próprio Andrés Sanchez e Dulio sonhavam.

Eis que chega o efeito colateral inesperado.

Ele tem nome, sobrenome e apelido.

Adenor Bacchi, Tite.

O pedido de Duilio, a ter a segunda recusa do treinador em voltar ao Parque São Jorge, enquanto comandava a Seleção, na triste Copa do Catar, era que desse prioridade ao Corinthians, caso decidisse voltar a trabalhar em um clube brasileiro.

Duilio sabia que ele sonhava com uma equipe europeia, de preferência italiana, em 2024.

Só que o segundo fracasso, ainda mais constrangedor, fechou as portas.

Não houve procura, apesar de, estranhamente, notícias serem plantadas, desde a eliminação do Brasil diante da Croácia, em novembro de 2022, oito seleções e nove clubes 'interessados'.

Não é que nenhuma das 17 'propostas' foram concretizada?

E Tite segue vivendo seu ano 'sabático' para que o efeito dos fracassos nas Copas de 2018 e 2022 tenha diminuído. Para que possa assumir um clube sem ter de falar dos frustrantes erros na Rússia e Catar.

Mas, de repente, Tite deixou de ser uma arma para Andrés e Duilio oferecerem a Alexandre Negão.

Manter Luxemburgo, no atual momento, é muito melhor para a eleição, que acontecerá em novembro.

Os aliados de Negão também vão por este caminho.

A tendência, com delicadeza, já que Tite e Andrés são muito amigos, é que o Corinthians desobrigue o treinador da prioridade em trabalhar no Parque São Jorge em 2024.

Porque Vanderlei já começa, inteligentemente, a traçar planos para a nova temporada.

A oposição luta, mas perdeu a relevância que tinha, com o fracasso do time no início de 2023.

O mundo do futebol é fabuloso.

E surpreendente.

Se há um ano, alguém garantisse que Luxemburgo estaria mais valorizado do que Tite no mercado, no Corinthians, seria chamado de louco.

Mas esta é a realidade dos bastidores corintianos.

Luxa vale mais do que Tite...




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