São Paulo, Brasil

"Quem assistiu ao jogo viu que o primeiro tempo foi o massacre da serra elétrica.

"O Estudiantes bagunçou, atropelou, esculachou o esquema tático do Luxemburgo.

"[Técnico] Covarde, omisso, medroso, colocando Romero como segundo lateral-esquerdo para ajudar o Fabio Santos. Ruan Oliveira igual barata tonta.

"[O Luxemburgo é um técnico] Retrógrado, ultrapassado, vai inventar palavras na coletiva. Classificou? Sim. Foi merecido? Não. Se fosse por merecimento, o Estudiantes levaria. Covarde, frouxo, medroso. Isso que ele é hoje."

As pesadíssimas críticas são do ídolo do Corinthians Marcelinho Carioca. Ele as fez durante a transmissão da partida contra o Estudiantes, que classificou o clube para as semifinais da Copa Sul-Americana, na sua rádio MC7, que mantém na web.

Mas Marcelinho não está sozinho nas críticas.

Não tão pesadas, duras.

Mas se o treinador acreditava nas palavras que disse, ele deve ter uma surpresa entre os dirigentes e conselheiros que sustentam Duilio Monteiro Alves no poder.

A alegria pela classificação está amarrada ao fortíssimo questionamento sobre o futebol do Corinthians. O Estudiantes chutou 29 bolas a gol e acertou seis vezes a trave de Cássio.

Obrigou o goleiro a grandes defesas. Venceu a partida por 1 a 0 e perdeu a classificação nos pênaltis, na Argentina.

Em uma comparação com algumas goleadas na temporada: o Red Bull Bragantino venceu o Tacuary por 7 a 1, pela Sul-Americana. Fez 25 chutes a gol; o Flamengo venceu o Remo, por 8 a 2. Deu 25 chutes a gol, pela Copa do Brasil; o Melgar venceu o Patronado, pela Libertadores, por 5 a 0. Com 19 chutes a gol.

Luxemburgo estava firme na coletiva porque, pela primeira vez na sua carreira de 43 anos, conseguiu chegar à semifinal de uma competição sul-americana.

A classificação rendeu R$ 9,4 milhões de premiação por parte da Conmebol.

O que seria motivo para comemoração não é.

Internamente, ele está se perdendo.

A briga com Bruno Mazziotti, homem de total confiança não só de Duilio Monteiro Alves, mas de seu mentor, Andrés Sanchez, que o contratou ainda quando cuidava de Ronaldo Fenômeno, abalou Luxemburgo. Pelo motivo. O coordenador de Núcleo de Saúde e Performance queria poupar Renato Augusto da partida contra o Goiás, e Vanderlei colocou o meia no jogo de sábado, aos 22 minutos do segundo tempo.

Renato não só jogou ontem como atuou fora de posição, de centroavante, de costas para o gol. Foi de uma inutilidade impressionante. E o Corinthians ficou sem seu homem cerebral no meio-campo.

A delegação percebeu na coletiva de Luxemburgo, pela agressividade das perguntas, que a classificação não foi celebrada como uma conquista pela imprensa brasileira.

A pergunta do jornalista Rodrigo Vessoni, do site Meu Timão, se Luxemburgo não tinha vergonha de ser técnico de uma equipe que recebeu 29 chutes a gol, foi a que mais repercutiu nas redes sociais. O apoio foi majoritário ao questionamento.

A eleição no Corinthians está marcada para novembro.

André Negão é o candidato da situação.

As semifinais da Copa Sul-Americana serão em setembro.

O Corinthians está lutando no Brasileiro, em 13º.

Seria traumático demitir Luxemburgo agora, garantem pessoas que sustentam Duilio.

A melhor solução é apoiá-lo e pensar em outro treinador em 2024.

Nos últimos dez dias, Luxemburgo conseguiu estragar sua situação no clube.

Ao contrário do que costuma acontecer em classificações importantes, principalmente fora do Parque São Jorge, nenhum dirigente que foi até a Argentina quis dar entrevista.

O clima era de muita cobrança por parte da imprensa.

E também de uma alegria constrangedora.

Todos viram o Corinthians se apequenar em La Plata.

O clube é marcado na sua história como lutador, guerreiro.

Não encurralado.

Luxemburgo não será mandado embora agora.

Mas está perdendo o que considerava conquistado.

2024 no Corinthians...