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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
São Paulo, Brasil
O acordo foi assinado no dia 19 de julho de 2011.
Ou seja, há 12 anos e quatro meses.
Empréstimo, a juros especiais, mais baixos, por conta da Copa do Mundo de 2014, de R$ 400 milhões da Caixa Econômica Federal, responsável pelo BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
E mais R$ 420 milhões concedidos por isenções fiscais da cidade de São Paulo.
Com todo o apoio do Planalto Central, o Corinthians ganhou possibilidades espetaculares para a construção do seu estádio.
A Copa do Mundo foi a desculpa ideal, já que o estádio, que não existia, abriria a competição, derrubando o Morumbi.
A fórmula de pagamento, proposta pelo então presidente do Corinthians, e homem que articulou a construção do estádio, Andrés Sanchez, foi o desconto das arrecadações dos jogos no estádio.
E a venda dos naming rights, que ele contava ser imediata, ou seja, logo após efetivada a construção, em 2014.
O plano de pagamento foi desastroso. Travou o Corinthians financeiramente. Os juros foram corroendo o dinheiro insuficiente depositado. Além disso, houve incompetência para a venda dos naming rights, só efetivada em 2020. Ou seja, seis anos depois.
Quando o acordo com a Hypera Pharma foi celebrado, a dívida do Corinthians com o estádio era mais de R$ 1 bilhão.
Há um fundo para o pagamento da arena que foi constituído com a construtora Odebrecht, em 2013. A polêmica construtora acabou se afastando da negociação de pagamento do empréstimo junto à Caixa Econômica Federal em 2021.
Os números da dívida corintiana sempre foram guardados sob sigilo.
A Caixa chegou até a dar esse dinheiro como "perdido", em uma auditoria interna.
Mas o clube, envolvido em uma briga intensa para a eleição presidencial, decidiu escancarar. O valor que resta ser pago é de R$ 611 milhões.
E como esse dinheiro seria "quitado"?
Com o Corinthians trocando a dívida atual, assumindo precatórios, ou seja, dívidas da própria Caixa. Mas com juros menores.
E a Caixa passará a receber diretamente as parcelas da venda dos naming rights da arena, que a Hypera Pharma pagará até 2040.
Além disso, o clube segue com a ideia de colocar 49% das ações do estádio para negociação na Bolsa de Valores.
O presidente da Caixa Econômica, Carlos Vieira, foi ao estádio ontem, posou para fotos. E sacramentou o acordo de pagamento com a direção corintiana.
O acordo foi divulgado em detalhes hoje.
Data mais do que oportuna.
No sábado haverá eleições no clube.
O acordo serve como trunfo do candidato da situação: André Luiz Oliveira, conhecido como André "Negão".
Conselheiros que apoiam Augusto Melo protestam, querem detalhes de toda a negociação. Chegam a clamar nos corredores do Parque São Jorge se tratar de um "golpe eleitoral".
A verdade é que, 12 anos e quatro meses depois, o estádio construído com dinheiro público parece que, finalmente, tem um plano efetivo de pagamento.
Só para que ninguém se esqueça.
Os juros de 2023 com o estádio passam de R$ 100 milhões.
Por isso, a dívida era considerada "eterna".
Ou "impagável", como repetem os opositores de Andrés.
Uma visita de Duilio ao presidente Lula, para "dar a camisa de Cássio", foi estratégica.
Foram os dois que articularam o acordo "definitivo" com a Caixa.
Não é segredo que o estádio só existe por influência de Lula.
E por sua forte amizade com Andrés Sanchez...