Em sua primeira Copa, Vini Jr. desponta como um dos grandes protagonistas da seleção brasileira. No Catar 2022, o atacante, de reconhecida habilidade e potencial para crescer ainda mais, recebe conselhos e encontra a proteção de companheiros que Neymar não teve há oito anos, quando disputou o seu primeiro Mundial, justamente no Brasil.

Tanto Neymar quanto Vini Jr. chegaram com 22 anos à sua primeira Copa. O jogador do Barcelona na época já tinha mais rodagem pela seleção brasileira, mas mais pressão para conseguir o inédito título diante da torcida. Deu no que deu. Além de não conseguir desempenhar o seu melhor futebol, terminou com uma grave lesão na terceira vértebra. No Real Madrid, o jovem atacante ainda carece de experiência, e gols, com a amarelinha, apesar de parecer mais bem preparado.

Vini Jr., inclusive, tem um apoio luxuoso de Neymar. O agora ‘adulto Ney’ se vê em condições de dar conselhos aos jovens jogadores. Na partida que classificou o Brasil às quartas de final, o jogador foi visto dando conselhos a Raphinha, também atacante, que ainda persegue o seu primeiro gol no Mundial.

Na entrevista coletiva depois do treinamento da seleção brasileira, Vini Jr. foi só elogios a Neymar. Para estranheza de muitos que ainda lembram do ‘menino Ney’, o jovem atacante disse que é um prazer jogar ao lado do ídolo, como um fã muito mais novo fala de alguém.

“O Neymar me falou que a Copa do Mundo é diferente de qualquer outra competição. Agora estou vivendo, sei quanto a Copa é importante para o nosso país. Ele me falou isso e sempre levei comigo, não sabia o tamanho, mas quando tocou o hino vi a diferença que é jogar uma Copa pelo seu país. Ainda mais pelo Brasil, o país que tem mais títulos, que todos querem vencer. Eu fico feliz de estar aqui representando cada brasileiro, estar jogando com meu ídolo, com amigos que tenho aqui, e que essa união que temos possa nos levar para um lugar muito alto”, disse Vini Jr.

Revelado nas categorias de base do Flamengo, o atacante foi vendido em maio de 2017 por 45 milhões de euros (cerca de R$ 246 milhões na cotação atual) ao Real Madrid. O negócio foi concretizado só em julho do ano ano seguinte, inicialmente, em um período de adaptação no time B. Após alguma dificuldade no estilo de jogo, críticas por seus dribles, chegou a virar piada na imprensa espanhola e, depois de muita insistência e um trabalho de perto do técnico Carlo Ancelotti, se firmou na equipe principal.

Na última temporada, por exemplo, terminou com o título da Supercopa da Espanha, do Campeonato Espanhol e, como se não bastasse, da Champions League, com direito a gol do título. Tamanho currículo o credenciou para ser titular absoluto no esquema do técnico Tite e formar um trio de ataque com Raphinha, seu espelho na ponta-direita, e Richarlison mais centralizado.

O jogador tem até aqui apenas 19 jogos com a camisa da seleção brasileira e dois gols marcados, o último deles na goleada contra a Coreia do Sul, pelas oitavas de final do Catar 2022 — o primeiro gol com a amarelinha havia sido em março, pela última rodada das Eliminatórias, contra o Chile. Os números são da plataforma O Gol.

Desde que desembarcou em Doha, o jogador se vê confiante e sabedor das responsabilidades na caminhada rumo ao hexacampeonato. Dentro da seleção brasileira, a percepção é que o atacante não está jogado à pressão por conquistar a sexta estrela, como foi com Neymar há oito anos. Naquela altura, o atual camisa 10, também com 22 anos, já havia disputado 44 partidas e feito 28 gols com diferentes ciclos de treinador.

“Fico muito feliz de ter alcançado as metas que coloquei na minha vida e com apenas 22 anos. Quero seguir todo o trabalho que venho fazendo até aqui para chegar neste momento, tenho os melhores jogadores ao meu lado, na seleção e no Real”, completou Vini Jr.