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porto velho, segunda-feira 15 de setembro de 2025
PORTO VELHO-RO: O semipresidencialismo informal vigente no Brasil só funciona com a ida do presidente da República ao supermercado congressual. Lá, o antes imoral e corrupto Varejão é hoje tolerado como patriótico mercado. O governo recebeu o recado de que a MP dos Ministérios não ia passar sem a ida do presidente às compras. Ele foi e o carnê bateu em R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares. Por ora, todos contentes: o presidente com a compra e os congressistas com a fartura de recursos liberados. Até a próxima MP.
A ida às compras no Varejão já foi prática imoral. Transnacionais e grandes empresas nacionais sempre foram grandes clientes, mas o acesso ao colchão da Viúva, metáfora para cofres públicos, é menos arriscado e alvo fácil: basta saber o que o governo prometeu e cobrar pela entrega. Habitualmente, os povos prejudicados não conseguem satisfazer os apetites dos vendilhões que negociam votos com interesses particulares em prejuízo da Amazônia. São postos em listas depreciativas, mas se a intenção é desmoralizá-los, o recurso não funciona.
Tais listas só fornecem nomes a quem quiser comprá-los e, no fim, os recursos da compra são usados para a compra de votos e reprodução dos mandatos. Hoje, quando o mundo precisa da Amazônia para sua sobrevivência, pagar a seus povos por serviços ambientais será mais útil e defensável que ir ao Varejão.