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porto velho, quarta-feira 2 de abril de 2025
PORTO VELHO-RO: Com as passagens aéreas no Brasil subindo, em média, 118%, quem mais sofre é a Região Norte, onde os aumentos de tarifas alcançam até 328%, em grande parte devido à concentração do sistema aéreo brasileiro, à pouca concorrência e ao alto custo operacional.
A discrepância foi um dos principais temas do evento “Desafios da Aviação Regional e os Impactos para o Desenvolvimento do País”, realizado na semana passada na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em Brasília.
O presidente da Fecomércio-RO e vice-presidente da CNC, Raniery Araujo Coelho, participou da discussão e ressaltou que a carestia das passagens aéreas tem impactado fortemente a atividade turística na região amazônica, prejudicando a economia.
“Temos realizado um trabalho ao lado do governo de Rondônia e das prefeituras no turismo, mas o preço das passagens representa um gargalo enorme para o setor. A questão do caos aéreo tem sido um entrave para o nosso desenvolvimento turístico”, ressaltou o presidente.
O evento reuniu parlamentares, representantes do setor aéreo, ministros e dirigentes regionais para debater propostas de curto e médio prazo. Ao final, foi anunciada a formação de um grupo de trabalho com participação da CNC, ANAC, do Congresso Nacional e do trade turístico para buscar soluções conjuntas.
Segundo o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, a aviação regional deve ser tratada como uma ferramenta essencial de integração nacional, e não como um serviço de luxo, já que, em muitos trechos do país, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, não há alternativas viárias seguras ou viáveis.
“Não temos rodovias em muitos trechos, e as que existem estão em péssimo estado. A aviação regional é, muitas vezes, a única via de acesso. A aviação regional não pode ser luxo; ela precisa ser tratada como uma questão de integração nacional. Por isso, o Brasil não pode continuar dependendo de duas ou três empresas.”
Tadros também demonstrou preocupação com a possível fusão entre as companhias Azul e Gol, o que poderia agravar ainda mais o cenário de concentração. “Corremos o risco de ter somente duas companhias operando em todo o território. Isso é insustentável”, completou.
Análise
Segundo o levantamento da CNC, no Nordeste, a elevação das passagens aéreas é de 134% e, no Centro-Oeste, de 130%, com dados de 2025.
A análise da CNC aponta que apenas três companhias aéreas dominam 99,8% do mercado nacional, o que reduz drasticamente a concorrência.
O presidente Raniery Araujo Coelho tem sido uma voz ativa constante pelo aumento dos campos de pouso e da aviação regional, tendo, inclusive, levado o assunto à discussão em Boa Vista, Roraima, durante a 32ª edição do Fórum de Presidentes de Federações do Comércio da Amazônia Legal.
Raniery Coelho alertou sobre a necessidade urgente de solução para a questão aérea da região e reclamou: “A concentração de um mercado essencial para a Amazônia tem que ter uma solução, pois não podemos prescindir do transporte aéreo, tanto que a demanda continua forte, mesmo com o aumento dos preços. Isso demonstra o quanto a aviação é essencial ao país.”