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porto velho, terça-feira 27 de maio de 2025
Wilber Coimbra: Do chão batido da humildade, ao comando do Tribunal de Contas de Rondônia
Arimar Souza de Sá
Há trajetórias de vida que não apenas contam uma história — elas gritam esperança, vencem o silêncio da exclusão e se tornam faróis em meio à escuridão das injustiças sociais. A vida do cidadão Wilber Carlos dos Santos Coimbra é uma dessas jornadas raras que transformam obstáculos em degraus e a dureza da vida em combustível para servir ao bem comum em Rondônia.
Nascido no Maranhão e criado sob o manto de força e ternura de sua mãe, Nilce dos Santos Coimbra, já falecida, Wilber é filho da luta, herdeiro de valores que não se ensinam em livros, mas na vida vivida, dura, no chão batido. Com o olhar no horizonte, alargou sua visão e começou sua trajetória como soldado da Polícia Militar de Rondônia, após servir com honra no Exército Brasileiro. Era apenas o começo da caminhada de um homem que jamais se permitiu ser limitado pelas circunstâncias da vida dura que levou.
Mais tarde, na ASTIR, Associação Tiradentes da Polícia Militar de Rondônia, foi mais do que presidente: foi artífice de uma revolução administrativa silenciosa, onde a dignidade do servidor foi recolocada no centro das decisões. Por seu trabalho sério, Wilber se tornou uma voz ouvida em todos os cantos do estado, sendo eleito deputado estadual com votos em todos os 52 municípios, mais tarde conselheiro do Tribunal de Contas, eleito por seus pares — uma façanha que poucos conseguiram, e que fala mais do que palavras sobre a confiança popular em seu nome.
No campo acadêmico, ergueu degrau por degrau o edifício do conhecimento. Escritor, tornou-se doutor em Ciência Jurídica e pós-doutor em Direito, sempre com os pés no chão e os olhos na justiça social e mestre em gestão desenvolvimento regional. Professor, pensador, cultivador da ética e da reflexão crítica, Wilber é também o cérebro por trás da Escola Superior de Contas do TCE-RO, unidade que tem formado servidores com excelência e compromisso público.
Sua atuação à frente do Tribunal de Contas de Rondônia, como primeiro homem na hierarquia do órgão, tem sido marcada por uma quebra de paradigmas. Se antes a instituição era vista como uma ilha cercada de homens poderosos por todos os lados, hoje, sob a liderança de Wilber, o Tribunal abriu suas portas para a sociedade. Ele tem levado os ensinamentos da Corte aonde os gestores estão, oferecendo treinamentos a prefeituras e demais organismos públicos antes de sancioná-los, com o objetivo de educar - antes de punir.
Hoje, o TCE atua de forma proativa, com presença constante nas ruas e unidades públicas. A população de Porto Velho até já se acostumou em ver a fiscalização dos recursos públicos sendo feita a qualquer hora, inclusive aos domingos, como ocorre no Hospital João Paulo II e nas UPAs da cidade. O Tribunal deixou de ser uma torre distante de marfim para se tornar um aliado do povo e um parceiro dos gestores sérios. Hoje, o TCE/RO, não atua mais com chicote na mão, mas com a mão estendida para orientar e prevenir erros, fortalecendo a boa administração e a correta aplicação dos recursos ‘mirrados’ do contribuinte.
Essa postura pedagógica e descentralizadora tem aproximado o TCE do cidadão comum e dos servidores públicos, devolvendo à instituição o seu verdadeiro papel: o de guardiã da boa gestão e da justiça fiscal. Por isso, ele vem ganhando o galardão da sociedade rondoniense em tão pouco tempo no comando da entidade.
Contudo, mesmo no topo, Wilber Coimbra permanece um homem simples. Não se cerca dos manjados esquemas de segurança, não anda em carro oficial blindado com escolta. Ele mesmo dirige, chega e parte sem cerimônia, com a mesma humildade com que entrou na vida pública. Quem o encontra nos corredores ou nas ruas vê o mesmo cidadão de sempre: acessível, cordial, respeitoso.
Na última entrevista que me concedeu no programa “A Voz do Povo”, da Rádio Caiari, Wilber deu uma demonstração rara de humanidade em tempos de vaidades e máscaras públicas. Despiu-se da autoridade, abriu o coração e se emocionou ao vivo, ao ser reverenciado por uma jovem de 16 anos que o inquiriu, e também por uma ampla gama de ouvintes — desde líderes comunitários e servidores públicos até donas de casa e jovens estudantes. Aquela manhã radiofônica não foi apenas uma entrevista, diante das quase dez mil que já fiz: foi um retrato da gratidão popular a quem serve com verdade os seus jurisdicionados.
Ao seu lado, segue firme sua companheira, Suzy Coimbra, parceira de todas as batalhas. E no coração, leva o legado imortal da mãe que o ensinou, com o exemplo, a ser justo e reto. Em uma de suas mais tocantes falas, ao receber o título de Comendador do Mérito Legislativo, declarou:
“A minha alma se enche de alegria, a sensação é de que não pertenço mais a mim mesmo. Deus jamais me desamparou. Em todos os momentos fui acolhido. Deus nos capacita, nos fortalece, diante das adversidades, mas a luta é nossa. ”, asseverou.
Essa não é apenas a história de um homem público que admiro e me deu prazer em contar. É o símbolo de que a honestidade ainda tem voz, que o mérito ainda tem lugar, e que a política pode, sim, ser um espaço de grandeza moral. Wilber Coimbra é a prova de que, mesmo nas tempestades, é possível ser bússola e não folha que vaga ao sabor do vento.
Sua vida, creio, é uma convocação à juventude, um chamado aos servidores, um recado à Rondônia: com ética, estudo e coragem, é possível reescrever o próprio destino e, com ele, o destino de uma coletividade inteirinha, como estamos vendo agora.
O autor é escritor, jornalista e advogado.