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    porto velho, sexta-feira 31 de outubro de 2025

Funai comanda queima e destruição de casas de produtores pobres

Esta é uma das maiores injustiças de todos os tempos. O próprio Incra, há muitos anos, emitiu documentos...


Sérgio Pires

Publicada em: 31/10/2025 10:59:21 - Atualizado

PORTO VELHO-RO: Nas cenas das guerras mais violentas, os invasores atacam a população civil inimiga e destroem tudo o que encontram pela frente. Quem gosta de História e registros da Segunda Guerra, por exemplo, consegue buscar filmes antigos, quando os nazistas invadiram a União Soviética e queimavam as casas, às vezes com as famílias dentro. Aqui em Rondônia, esta semana, claro que em proporções muito menores, mas também assustadoras, cenas parecidas ocorreram. E não contra inimigos, mas contra brasileiros pobres e trabalhadores. Casas muito modestas de famílias inteiras foram derrubadas ou incendiadas em Alvorada do Oeste, na área limítrofe com a terra dos índios Uru-Eu-Wau-Wau.

Esta é uma das maiores injustiças de todos os tempos. O próprio Incra, há muitos anos, emitiu documentos definitivos para os pequenos produtores que se instalaram naquela região. O mesmo aconteceu com outros locais, como a região de Jaruauara. Só que quando do uso da terra, parte das propriedades ficaram dentro da área indígena. Mas isso foi descoberto apenas muito recentemente. Ou seja, quem foi trabalhar na terra e criar gado, sempre com pequenas produções, não tem nada a ver com o erro do Incra. Mas, para o STF, que julgou ação da Funai, a culpa é de quem produz. Decisão do ministro Barroso, pouco antes de deixar sua cadeira, determinou a desintrusão da área.

Além dos moradores, membros da bancada federal (principalmente o deputado federal Lúcio Mosquini e o senador Jaime Bagattoli), começaram uma luta junto ao governo federal para modificar a decisão. Foram feitas inclusive reuniões com moradores, membros do Judiciário, do Ministério Público e da própria Funai, entre outros órgãos. As conversações estavam em andamento. Só que, para surpresa geral, enquanto as conversas ainda estavam acontecendo, a Funai decidiu agir. Forças policiais, a mando dela, foram até o local, na área de Alvorada do Oeste e começaram o ataque.

As cenas são de cortar o coração. Foram mostradas em suas redes sociais pelo deputado Lúcio Mosquini. Numa das casas incendiadas, uma família inteira (pai, mãe, filhos) observa, atônica, autoridades policiais, que deveriam protegê-los, tocando fogo no sagrado lar deles. O deputado estadual Ismael Crispin também protestou da tribuna da Assembleia Legislativa, mostrando imagens de uma casa modesta também destruída. É a tragédia do discurso ambientalista, agradando as forças internacionais e as ONGs, enquanto nossa população vive sob o tacão da violência praticada por quem tem a obrigação de protegê-la.


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