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porto velho, quinta-feira 3 de julho de 2025
RONDÔNIA - Já faz tempo que nos olvidamos de ser gente! O estresse da vida moderna nos distanciou.
No dia a dia, ninguém mais tem tempo para um sorriso, um afago, um abraço, um cumprimento. Cada um vai para o seu lado, na seqüência natural do ideário de vida que escolheu.
É que a tecnologia, produto acabado da ciência e da engenharia, nos envolveu em um monte de instrumentos físicos e lógicos, que chegam às nossas vidas sob a forma de computadores, tablets e celulares que, com seus inúmeros “apps”, nos tragaram, e no silêncio, jogaram fora o saudável intuito de nos importarmos uns com os outros. O universo familiar ficou frio e tudo perdeu a saudável ternura do passado.
Com o avanço aparato tecnológico tudo mudou e muda celeremente: o mundo tecnológico tem pressa e somos forçados a acompanhar.
É que com a chegada da modernidade, a avidez do consumo tomou conta de todos nós, tornando-nos uma legião de estressados, em casa com a pandemia, no trânsito, no trabalho remoto, na vida em comum, na existência como um todo...
Lamentavelmente, desumanizamos as conquistas do passado e colocamos em seu lugar o domínio do celular, do Facebook, do WhatsApp, do Instagram, e do Twiter...
Agora, em casa, cada um se isolou no seu mundo virtual e parece que não precisamos uns dos outros, que nunca adoecemos que não necessitamos de afeto, muito menos de dialogar FACE A FACE, que na casa não existem velhos, que todos estão “por dentro” e são iguais perante a lei do mundo cibernético. E como míngüem se olha ninguém se beija, nem se cumprimenta tudo se desagregou e virou um desarranjo completo.
A mesa de jantar agora é o ponto do lado do computador ou do celular. Parece até que a gente nem se gosta mais!
Os afazeres domésticos ainda são da mãe e do pai, os únicos, coitados, que sobraram da farra cibernética e, por isso, ficaram de fora também do “aparato bélico” do mundo virtual.
Gosta-se, hoje, muito mais dos amigos de outro mundo, o do mundo virtual, do que os de sua própria grei. Dos de casa, nem se diga!
Como se vê, a modernidade foi paradoxal. Avançou, facilitou, mas deixou no ar vestígios de ruindade.
Já não há mais tempo para as tarefas escolares em casa, as crianças enjaularam-se nos quartos, apressadas para o combate dos jogos, ou a sintonia dos canais dos yotubers preferidos. Na verdade, quando muito dizem "oi" e passam. E o linguajar é um "atentado violento ao pudor: "Tem problema, véi", Tá “me tirando” mano... “tua mente tá bugada" – um Deus nos acuda!
E tudo isso é contributo do estresse cibernético e da vida moderna sem ternura, da perplexidade do consumo, da falta do diálogo das crianças e adolescentes da “geração Z”, que disputam as melhores griffes do aparato eletrônico e haja dinheiro no bolso dos papais para atender às suas demandas, senão é confusão na certa.
E o pior, é que, no atropelo, os “conectados” chamam os mais velhos de retrógados, de burros. Dir-se-ia é a verdadeira avacalhação do homem de valor, em nome do surgimento dos vassalos da cibernética, teclando no mundo da lua.
Pena é que:
Nessa trilha,
Haverá tristezas.
Nesse caminho,
Muitos sucumbirão...
E não haverá sorrisos, máquinas não sorriem!
E haverá, por influência dos "ídolos", aperreios, muitos suicidas, por falta de carinho e diálogo com os seus papais.
E assim, a vida se esvai...
Com ela, a flagrante desagregação do ser: o idílio de um passado sadio, de bênçãos aos pais, de respeito, ternura e reverência, em nome da tecnologia e da modernidade, que é a nova ordem mundial dos tempos de agora, e que, infelizmente, somos forçados a aceitar.
Que pena!
AMÉM!
O autor é jornalista e advogado - arimardesa@hotmail.com