A Arábia Saudita pretende investir 52 mil milhões de euros, nos próximos dez anos, para desenvolver a sua indústria de entretenimento, uma medida que se insere no programa Visão 2030, anunciado há dois anos pelo príncipe saudita Mohammed bin Salman para modernizar o país.

Algumas das medidas para estimular a cultura e o entretenimento no país já se fazem sentir. A primeira ópera está a ser construída em Riade e, para 2018, estão previstos cerca de cinco mil eventos, incluindo um concerto dos Maroon 5 e um espetáculo do Cirque du Soleil.

Este investimento no entretenimento pretende também criar cerca de 220 mil postos de trabalho em 2018, uma subida exponencial comparada com 2017, onde foram criadas 17 mil novos empregos neste setor.

Em dezembro de 2017, bin Salman, de 32 anos pôs fim à interdição que durava há 35 anos, que impedida os sauditas de irem ao cinema. A primeira sala deverá abrir em março deste ano.

As reformas na Arábia Saudita não se ficam pelo entretenimento. O ano passado, o reino ultrareligioso disse que as mulheres vão poder conduzir no país e, no início de 2018, mulheres foram também, pela primeira vez, assistir a um jogo de futebol.

No entanto, o reino continua a ser acusado de sistemáticas violações dos Direitos Humanos. O país vive sob um regime extremista islâmico, conhecido como wahabismo, com leis muito rígidas, inspiradas na sharia.

Para além disso, muitos críticos apontam que estas medidas tomadas pelo príncipe bin Salman, visto como o próximo rei do país, funcionam como forma de esconder o envolvimento do país em guerras na região, nomeadamente no Iémen, em que o reino saudita lidera uma coligação que bombardeia, sistematicamente o país, em apoio do ex-presidente. A juntar a isto, a Arábia Saudita, sunita, disputa a hegemonia da região com o Irão, xiita, travando vários conflitos por procuração, isto enquanto as condições de vida do país, agravadas pela descida dos preços do petróleo, têm gerado algum mal estar na sociedade saudita.