Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 20 de setembro de 2025
RONDÔNIA - Quando as indústrias frigoríficas, pelo seu poder de oligopsônio (setor caracterizado por poucos compradores para muitos vendedores), encontram excedente de oferta e colocam o preço da @ RO/SP inferior ao que seria em uma situação normal de mercado, equivocadamente as indústrias acham que estão se “dando bem”. Entretanto, começam a atuar naturalmente as forças de mercado: como a @ em RO está artificialmente baixa, se torna viável compradores de outros estados virem arbitrar e comprar reposição em RO.
Eis o mecanismo de ajuste do mercado, com suas leis naturais. Em um segundo momento, vai enxugar a oferta de boi gordo em RO, o preço de RO/SP volta aos seus patamares de equilíbrio. Não se torna mais viável a aquisição de reposição por outros estados. O mercado volta ao equilíbrio. Entretanto, para que este equilíbrio natural de forças atue, é necessário a premissa de liberdade de mercado. Pautas de preços proibitivas, ferem o livre mercado e impedem os seus mecanismos de autoajuste.
O setor frigorífico custa a compreender que sua ganância em lucrar no momento de excedente, se aproveitando do represamento de animais e de pautas de preços que ferem a lógica do livre mercado, acabam por levar a reações crescentes para flexibilização da pauta de preços. O diferencial de base artificial, força a saída adicional de animais além daquilo que se daria em uma condição natural mercado. Em um segundo momento, a escassez de animais será ainda maior, porquê quanto mais a indústria artificialmente manipulou o preço em relação a outras praças, mais viável será a saída de animais, maior será a escassez ou sazonalidade de oferta em um segundo momento.
Essa maior escassez, comparado ao ponto que se daria sem a manipulação do mercado, forçará a indústria a pagar maiores preços pela a @, como vimos recente, quando praticamente desapareceu o diferencial em relação ao SP. Portanto, o mercado cobra o seu preço ao ter sido artificialmente manipulado. A indústria acaba trabalhando com margens muito apertadas e devolve aquilo que tomou no momento em que manipulou o mercado quando havia excedente de oferta e pautas impeditivas ao livre mercado.
A indústria custa em compreender que ao manipular o preço, pelo seu poder de oligopsônio, desajusta toda a cadeia produtiva e a regularidade de oferta de animais, que é o principal ativo para o seu planejamento e abertura de mercado. O mercado é implacável, cobra o seu preço e faz a indústria devolver aquilo que manipulou o mercado.
O governo precisa compreender que manter pauta livre, permite a atuação das forças de autoajuste do mercado. É um equívoco acreditar que vão sair animais e inviabilizar o abate em Rondônia. Pelo contrário, é a pauta proibitiva que dá poder para a indústria manipular preços, forçar além do necessário a saída de animais e, portanto, isto sim acaba por causar prejuízo tanto para a indústria, como para o Estado e aos produtores.
Sem barreiras artificiais, os animais vão sair o suficiente para equilíbrio entre oferta e demanda. Vão sair somente ao ponto de arbitrar o diferencial de preços quando manipulados pela indústria.
Não precisa os técnicos do governo ou a cantilena das indústrias afirmarem que se saírem animais, vai inviabilizar o abate em Rondônia. Hora, sempre será mais viável uma indústria processadora mais próximo a sua fonte de matéria prima, porque a custo logístico em transportar osso e matéria visceral para São Paulo sempre vai tornar viável abater aqui em Rondônia. O mercado se auto ajusta, mas para isso as barreiras tributárias precisam ser abolidas.
O pecuarista do município de Pimenta Bueno Sr. Oberdan Ermita, assessor técnico e colaborador da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia – FAPERON, ao concluir sua análise, da atual situação do mercado da @ do boi de Rondônia, que o atual mercado de oferta e procura irá se consolidar no segundo semestre com um cenário comercial mais ajustado na cadeia produtiva da carne.