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    porto velho, domingo 21 de setembro de 2025

Americanos pedem formalmente e Brasil deve aumentar em 70% a produção de petróleo

Brasil não conseguirá elevar extração rapidamente e aumento deve levar 10 anos


IG

Publicada em: 21/03/2022 10:59:32 - Atualizado

O governo americano pediu formalmente ao Brasil que aumente a produção de petróleo. A solicitação partiu da secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, e foi dirigida ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ao GLOBO, Albuquerque disse que o país está aumentando a sua produção gradativamente. O Ministério de Minas e Energia (MME) estima um crescimento de 70% nos próximos dez anos, chegando a 5,3 milhões de barris por dia, o que manterá o status de exportador do Brasil.

Com a guerra na Ucrânia, o Brasil vê novamente a oportunidade de ampliar a sua produção, para aproveitar o barril girando na casa de US$ 100 e num momento em que grandes potências (especialmente EUA e a União Europeia) querem reduzir a dependência do petróleo da Rússia — responsável por 12% da oferta mundial da commodity. Segundo especialistas, porém, essa mudança de patamar não é viável no curto prazo.

Segundo Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, apenas cinco países teriam essa capacidade: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kwait, Iraque e Rússia, com potencial de oferecer de 1 milhão a 1,8 milhão de barris diários a mais.

"O Brasil não tem armazenamento estratégico", explicou.

Atração de investimento

Albuquerque ressalta que as grandes petroleiras tiveram nos últimos três anos um decréscimo de produção de 9%. Segundo ele, “o Brasil aumentou sua produção em 14% de óleo e 22% de gás natural no período”.

"Foi isso que eu falei com a secretária. Nós já estamos nesse caminho de aumentar a produção. Até 2026, devem entrar em produção 15 plataformas de petróleo, com média de 200 mil a 250 mil barris por dia em cada estrutura", afirmou.

Fernanda Delgado, diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), avalia que investir em produção está mais atraente, mas há um dilema para as empresas.

"As empresas também têm que dar retorno aos acionistas. Esse investimento não dá um retorno tão imediato quanto o senso comum indica", disse, ressaltando: "O Brasil é um atrator de investimentos neste momento."

Igor Lucena, economista e doutor em Relações Internacionais, avalia que, do ponto de vista estrutural, a crise pode beneficiar o Brasil. Ele lembra que, nos últimos anos, a Petrobras vem concentrando sua atuação na exploração, com o plano de vender refinarias e com a saída do segmento de distribuição.


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