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    porto velho, domingo 21 de setembro de 2025

Brasil tem oportunidade ‘secular’ de se beneficiar com efeitos da guerra, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central cita mudanças na conjuntura global e impactos para as exportações


jovem pan

Publicada em: 23/03/2022 17:51:11 - Atualizado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 23, que o Brasil pode se beneficiar com os efeitos do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, apesar de a guerra gerar menos crescimento e mais inflação em todo o mundo. Ao comentar sobre as transformações mundiais após a crise no Leste Europeu, o chefe da política monetária ressaltou a transformação das cadeias globais de valor e a brecha aberta para a inserção do país nesse novo sistema. “Tem aí uma oportunidade secular para o Brasil, se estiver no lugar certo e com as políticas certas, de entrar nessas cadeias globais de valor”, disse. Campos Neto também citou os efeitos positivos para as exportações do país a alta das commodities de minérios e de alimentos — desde que não haja interrupção no suprimento de fertilizantes. No caminho inverso, a alta dos combustíveis fósseis prejudica pela grande importação do Brasil de derivados do petróleo.

As mudanças nas matrizes do sistema global de valor também deve levar a economia passar por “um período relativamente longo” de crescimento baixo e inflação pressionada. Segundo Campos Neto, as maiores economias do mundo estavam preparadas para encontrar um cenário de depressão ao saírem da crise gerada pela Covid-19, mas encontraram um quadro de recessão. Esta conjuntura, que passou pela injeção de US$ 9 trilhões em 14 meses pelas autoridades monetárias, contribuiu para a disparada da inflação nas maiores economias globais. “As medidas foram feitas pensando em uma situação muito mais grave”, afirmou durante um evento promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O presidente do BC voltou a afirmar que o pico da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ser atingido em abril, para depois iniciar um processo de queda. A variação de preços foi a 10,54% no acumulado de 12 meses em fevereiro. Segundo Campos Neto, a autoridade monetária brasileira saiu na frente dos seus pares globais no aperto dos juros. “O Brasil tem sido mais atuante no combate à inflação, que nós entendemos que é mais persistente. A inflação contaminou os núcleos e hoje está acima das metas em serviço, comércio e indústria. Precisamos endereçar esse problema com serenidade e firmeza”, afirmou. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic de 10,75% para 11,75% ao ano na semana passada e indicou novo acréscimo de 1 ponto percentual no encontro agendado para maio, mas deixou a “porta aberta” para a possibilidade ampliar o ciclo de alta. O mercado financeiro estima que os juros encerrem o ano em 13%.


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