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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
PORTO VELHO-RO: O grande volume de chuvas registrado no inverno amazônico favorece a propagação de doenças tropicais como a malária e a dengue. Em 2022, foram confirmados, nas zonas rural e urbana da capital, 7.199 casos de malária, número que acende o alerta para os riscos de contaminação da doença.
A malária é uma doença infecciosa, febril e aguda, comum nos estados da região amazônica. Sua transmissão ocorre pela picada de mosquitos do gênero Anopheles, contaminados com o protozoário do gênero Plasmodium. As picadas do mosquito geralmente ocorrem entre o período do anoitecer e o amanhecer, e a incubação da doença costuma ser de 7 a 14 dias. Os sintomas mais comuns são febre alta, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e sudorese.
Em janeiro deste ano, 429 casos de malária foram confirmados em Porto Velho, 19 a mais que o mesmo período de 2022, que contabilizou 410 casos.
COMBATE
Roberto Costa, microscopista revisor do Núcleo de Diagnóstico da Malária da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), explica que, devido sua extensão, o município foi dividido em dez regiões, entre as zonas rural e urbana, para facilitar as ações e serviços de combate à malária.
“Nós temos encarregados de endemias em cada uma das localidades de Porto Velho, tanto na capital quanto nos distritos, além de agentes de controle de endemias, laboratórios e unidades notificantes, responsáveis por administrar o trabalho e intensificar as ações de controle da malária”.
O acompanhamento direto dos casos registrados na capital e nos distritos também é feito pelo Núcleo de Controle de Endemias, Malária e Dengue, responsável pela orientação e educação em saúde sobre os cuidados de prevenção à doença, por meio de campanhas de conscientização, palestras nas escolas, visitas domiciliares, aplicação de fumacê nas áreas endêmicas e busca ativa em áreas com maior número de casos.
“Para evitar a transmissão da doença, algumas medidas simples podem ser adotadas, como o uso de mosquiteiros para dormir, pulverizar as paredes da casa com inseticida, inserir telas em portas e janelas, não abrir mão do uso de repelentes e, ao visitar regiões alagadas, dar preferência para roupas que protejam braços e pernas”, orienta Jussara Alves, subgerente do núcleo.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da doença é feito com a análise dos sintomas e a realização de exames como a microscopia da gota espessa no sangue, em que o profissional coleta uma gota de sangue do paciente e realiza a leitura da lâmina no microscópio. Em Porto Velho, o Núcleo de Diagnóstico da Malária (NDM) é responsável por receber todos os diagnósticos de malária de lâminas coletadas nos laboratórios da rede pública e privada.
Após a revisão das lâminas, os materiais que estão dentro da conformidade são enviados para controle de qualidade estadual, atestado no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RO), responsável por verificar a qualidade do diagnóstico e da revisão feita pelo departamento municipal. Os exames que estiverem fora da conformidade ou com resultados divergentes, são informados por meio de um relatório técnico direcionado aos profissionais da rede pública ou privada.
Roberto Costa conta que, além de atuar dentro do diagnóstico da malária por longas datas, os profissionais são capacitados pelo Laboratório Central de Saúde para serem instrutores do curso em microscopia de malária.
“Atualmente, estamos capacitando com o curso os profissionais biomédicos e bioquímicos que atuam com análises clínicas nas Unidades de Pronto Atendimento. Essa capacitação vai fazer com que o exame seja otimizado, pois não será necessária a presença de vários profissionais para realizar a análise”.
TRATAMENTO
Pacientes com suspeitas de malária e sintomas leves podem se dirigir às unidades básicas do município. Em casos graves, o atendimento de urgência e emergência está disponível nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) das zonas Leste ou Sul, e nas policlínicas José Adelino ou Ana Adelaide.
A rede municipal disponibiliza também o tratamento através da tafenoquina, medicação implementada pelo Ministério da Saúde nos municípios de Porto Velho e Manaus para evitar reincidências nos casos de malária vivax.
“Muitas vezes o paciente é diagnosticado com malária, toma a medicação e, após semanas, retorna à unidade com a queixa de que está com a doença novamente. A tafenoquina se tornou uma alternativa para combater malárias que se repetem com frequência, já que muitas vezes o paciente procura atendimento em busca de um novo diagnóstico e tratamento, sendo que a malária é a mesma e não foi tratada de forma adequada”, esclarece o microscopista.
O Núcleo de Diagnóstico da Malária conta também com uma ferramenta que disponibiliza, em tempo real, as informações sobre o tratamento oferecido para pacientes com malária atendidos nas unidades do município. A plataforma permite que os profissionais acompanhem o paciente e evitem que as medicações sejam ofertadas de forma incompatível.
Todos os casos de malária confirmados em Porto Velho são registrados em uma ficha de notificação compulsória, que contém informações direcionadas ao Ministério da Saúde. Com esse documento, é possível traçar o perfil epidemiológico do município, saber quais os locais com maior incidência da doença e desenvolver ações de combate e controle do vetor.