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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
GUAJARÁ-MIRIM, RO: Um fazendeiro foi condenado na última semana por desmatamento ilegal e utilização do Parque Estadual Guajará-Mirim, em Rondônia, como pasto para gado.
O homem, que explorou a área protegida por quase uma década, foi responsável por danos ambientais equivalentes a mais de 800 campos de futebol, resultando em um prejuízo estimado em R$ 36 milhões ao estado, de acordo com o Ministério Público de Rondônia (MP-RO).
O fazendeiro foi preso preventivamente em novembro de 2023 durante a Operação Persistere, enquanto já enfrentava dois processos por crimes ambientais. Esta operação foi parte de uma ação maior, a Operação Mapinguari, que se destacou como a maior operação de desocupação de unidade de conservação na história de Rondônia.
O réu foi sentenciado a 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclusão, mais 2 anos, 9 meses e 15 dias de detenção, além de 149 dias-multa. Ele continua preso, sem direito a recorrer em liberdade, por crimes como invasão de terras públicas, destruição de floresta em unidade de conservação, impedimento de regeneração natural e desobediência.
A propriedade do fazendeiro fazia divisa com o "Bico do Parque", uma zona de amortecimento crucial para proteger o Parque Guajará-Mirim de impactos ambientais. Investigadores descobriram que o fazendeiro deliberadamente afrouxava as cercas de sua propriedade, permitindo que o gado invadisse a área de conservação. Além disso, ele construiu cochos para alimentação do gado dentro do parque e desmatou a floresta para criar pastagens.
A denúncia, monitorada pelo MP-RO com apoio de órgãos ambientais e de segurança, revelou que o desmatamento atingiu 619,1168 hectares, transformando a vegetação nativa em área de pastagem. Durante a Operação Mapinguari, agentes flagraram o gado do fazendeiro dentro do parque, comprovando as invasões constantes.
O Parque Estadual Guajará-Mirim, com cerca de 220 mil hectares, foi estabelecido em 1990 e é uma unidade de proteção integral. Ao longo dos anos, tem sofrido com atividades ilegais como extração de madeira, desmatamento, incêndios, pastagem, caça e pesca ilegais, além de grilagem de terras. A preservação do parque é essencial para a proteção de diversas espécies de flora e fauna, muitas delas ameaçadas de extinção.
A devastação causada pelo fazendeiro evidencia a necessidade de medidas rigorosas para proteger unidades de conservação como o Parque Estadual Guajará-Mirim. A ação do MP-RO destaca a importância de fiscalização contínua e punição exemplar para garantir a preservação ambiental e a integridade dos ecossistemas ameaçados.