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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
Em junho de 1996, o 'Índio do Buraco', também conhecido como 'Índio Tanaru', foi visto pela primeira vez por homens brancos em Rondônia. Vinte e seis anos depois daquele 'contato', o indígena foi encontrado morto em seu território.
O homem, conhecido por viver sozinho e isolado na densa floresta Amazônica, morreu como o último homem de seu povo, sem que sua etnia e sua língua fossem descobertas.
O indígena resistiu ao contato com o homem branco até sua morte. Ele foi visto pela primeira vez por uma equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé (FPE Guaporé) em 1996.
As buscas por ele começaram depois que um grupo de madeireiros apontou a existência de um índio, uma cabana, armadilhas e um buraco que, posteriormente, serviria de apelido ao aldeado.
Altair Algayer, coordenador da FPE Guaporé na época do contato, relembrou a tentativa de contato.
“Chegamos a ficar duas horas em frente da cabana para convencê-lo a sair, mas ele se armou dentro dela”, lembra.
Ele vivia entre os municípios de Chupinguaia (RO), Corumbiara (RO), Parecis (RO) e Pimenteiras do Oeste (RO). Em 1998, a Terra Indígena Tanaru, que tem 8.070 hectares, foi classificada como restrição de uso.
O 'Índio do Buraco', apesar de ter vivido isolado por mais de 30 anos, nem sempre esteve só. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai) os últimos membros do seu povo foram mortos em 1995.
“Em 1995 havia um grupo com quatro pessoas, que não tinha mais condições genéticas de se reproduzirem entre eles”, explicou Altair.
Não se sabe os reais motivo pelos quais os indígenas não podiam mais se reproduzir, já que não se sabe se todos eram idosos ou se eram só homens.
Não se sabe com precisão o que os impediam de se reproduzir, mas é fato que desde 1980, os indígenas que viviam na TI Tanaru foram vítimas da colonização desenfreada, da instalação de fazendas e da exploração ilegal de madeira, que levaram a sucessivos ataques aos povos isolados que viviam na região e resultaram em mortes e na expulsão dos indígenas de suas terras.
Desde que o indígena foi visto pela primeira vez, mais de 50 incursões de monitoramento foram realizadas pela Funai na floresta.
Segundo o órgão, ao longo de 26 anos, 53 habitações do 'Índio Tanaru' foram encontradas e todas seguiam o mesmo padrão arquitetônico: uma única porta de entrada/saída e sempre com um buraco no interior da casa.