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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
RONDÔNIA: O município de Guajará-Mirim, fronteira com a Bolívia, já está bem perto de completar 100 anos de emancipação, mas os dilemas no setor de saúde configuram uma marca histórica na cidade e até mesmo a falta de um local adequado para a realização de exames de praxes por mortes violentas, ou mesmo vítimas de acidentes de trânsito, constitui um dos grandes problemas do município, a população reclama, há anos. Entra governo, sai governo e nenhuma medida é adotada para solucionar este problema. Fica a impressão de que as autoridades competentes fazem questão de ver o problema crescer a cada ano.
É lamentável que este fato ocorra na cidade mais antiga do interior do estado e seja tratado com tanto descaso. Durante as campanhas eleitorais, a população ouve promessas diárias, mas tudo cai no esquecimento logo depois da posse dos eleitos. Na cidade, não existe nem mesmo o médico legista, profissional necessário para o procedimento, embora as demandas sejam muitas e constantes. Esta falta de ação das autoridades cria transtornos e humilhações para inúmeras famílias na cidade da fronteira.
Há vários anos, o médico que atendia o município de Guajará-Mirim foi aposentado e as demandas eram cobertas por profissionais da capital do estado, que trabalhavam em regime de plantão em governos passados, fazendo um deslocamento de mais de 300 quilômetros. Isto é inadmissível num estado como Rondônia, em que as condições geográficas constituem um grande obstáculo, principalmente no caso de Guajará-Mirim, visto que os trabalhos de manutenção das rodovias 364 e 425 ocorrem somente em situações extremas. A situação prejudica diretamente quase 80 mil rondonienses que vivem na região de Guajará-Mirim e Nova Mamoré.
Assim, quando acontece alguma morte violenta, provocada por arma de fogo, faca, ou acidentes de trânsito, o corpo da vítima, ou vítimas, é transportado no veículo Rabecão para o IML de Porto – Velho. Esta situação causa muita dor aos familiares, porque em função do tempo para os exames, até o retorno do corpo, em muitos casos, é necessário fazer o sepultamento imediatamente após a chegada do corpo a Guajará-Mirim ou Nova Mamoré, impedindo os familiares de fazerem as homenagens aos seus entes queridos e de oferecer o tratamento digno que os seres humanos merecem no momento do sepultamento.
Em virtude de tanto descaso com as famílias que residem na região da fronteira, a população pede ao Ministério Público que interceda e exija das autoridades competentes uma solução definitiva para o problema. Trata de um direito que as pessoas possuem, de terem atendimento digno no setor de saúde, segurança e outros. É inaceitável que o Governo de Rondônia não cumpra deveres tão básicos, como é o caso da Medicina Legal em prol da coletividade. Não se pode admitir que esta situação perdure por mais tempo, causando dor, sofrimento e muitos outros transtornos para a população que habita a região de Nova Mamoré e Guajará-Mirim.
Esta semana, na segunda-feira, 13, uma jovem foi encontrada sem vida na residência em que morava. As suspeitas são de que ela teria cometido suicídio. Entretanto, como o município não dispõe de um local adequado nem do profissional médico legista, o corpo da jovem teve que ser encaminhado, no veículo Rabecão, para o IML de Porto Velho, a fim de que fossem realizados os exames de Necropsia.
Enquanto isso, os parentes e amigos tiveram que ficar sofrendo com a perda de seu ente querido e por causa da falta do serviço no município, fato que gera muita angústia e dor aos familiares. O site Guajará Notícias faz um apelo, em nome da população de Guajará Mirim, à deputada estadual Dra. Taissa Soares, para que ela exija do Governo do Rondônia uma solução para este antigo problema. A instalação de um local adequado para os exames de Necropsia e a designação de profissionais especializados para realizarem o trabalho é uma demanda que exige medidas urgentes, visto que o descaso praticado, há muitos anos, não pode virar uma regra de punição às famílias das vítimas.