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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
PORTO VELHO, RO - A trajetória de um pioneiro, que, na mocidade, já advogado, deixou sua terra natal, Assis, em São Paulo, para fazer parte da história do Poder Judiciário de Rondônia, hoje esteve na pauta do Tribunal Pleno Administrativo da Justiça rondoniense. Na época, com 26 anos, tornou-se um dos juízes mais jovens do país, ingressando na primeira turma de juízes aprovados no concurso público do Tribunal de Justiça. A carreira indelével, as lições e inspiração, que legou ao longo desse tempo como juiz e desembargador, emocionaram a todos, quando da votação, por unanimidade, do pedido de aposentadoria de Renato Martins Mimessi, decano do TJRO, homenageado pelos pares na sessão virtual realizada nesta segunda-feira, 12.
O relator do processo de aposentação, desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia, conterrâneo e egresso da mesma faculdade de Direito, no interior paulista, elencou os predicados de Mimessi, o início de sua trajetória profissional, ainda em São Paulo, e a vinda para tornar-se um pioneiro da Justiça rondoniense. Os elevados cargos na carreira, desde a instalação da comarca de Cacoal, sua passagem pela comarca da capital e a ascensão ao cargo de desembargador, igualmente o mais jovem do Brasil, naquela época aos 35 anos, foram alguns dos pontos destacados. Ao presidir do Tribunal de Justiça, no biênio 2000-2001, lembrou o relator, o desembargador Renato preparou a Corte para o ingresso no mundo digital, conferindo as condições para que o TJRO se tornasse vanguardista na tecnologia e pudesse oferecer à população eficiência, celeridade e qualidade na prestação jurisdicional.
O senso de Justiça, a responsabilidade com que conduziu sua carreira na Magistratura, a participação na vida associativa e no seu engajamento nas causas sociais fazem do desembargador Mimessi um exemplo de juiz, de homem e de cidadão, como resumiu o relator, ao destacar que o homenageado, dentre outras tantas honrarias recebeu os títulos de cidadão honorário de Cacoal, Porto Velho e do Estado de Rondônia. Na segunda parte de seu voto, o desembargador relator pontuou os ditames legais que o levaram a votar pelo aceite integral do pedido e se disse honrado de poder relatar processo de interesse de Mimessi, um ícone da Magistratura rondoniense, que marcou a vida de todos os que o cercam.
Reconhecimento dos pares
Em seguida, outros desembargadores se manifestaram como os colegas do primeiro concurso, em 1982, Roosevelt Queiroz Costa, que, ao lado da esposa, quebrou protocolo, se emocionou e dirigiu palavras de agradecimento, elogio e reconhecimento ao colega aposentando; e Valter de Oliveira, ainda em recuperação da saúde, mas que fez questão de participar da sessão administrativa desta segunda-feira, que relembrou os laços de amizade que unem suas famílias e destacou o aprendizado com o colega, por conta de sua inteligência destacada, sempre compartilhada com os amigos.
A presidente da Associação dos Magistrados de Rondônia (Ameron), juíza Euma Tourinho, reforçou muitos dos predicados destacados pelos que a antecederam em sua fala. Para a magistrada, como uma das marcas registradas do desembargador Renato estão a fraternidade, o altruísmo e a sabedoria com que conduziu sua carreira, em todas as importantes funções que exerceu, assim como na oportunidade em que presidiu o TJRO e teve, dentre outros tantos feitos, a participação efetiva em ações como a Justiça Rápida Itinerante e o projeto Justiça e Cidadania nas escolas. Um dos fundadores da Ameron e da Associação ACRIAR, que presta atendimento a pessoas em situação de rua e dependência química, o desembargador Renato, na visão da juíza presidente, reforçou seu compromisso com o Estado e o povo de Rondônia, com sua própria história de vida.
Lições de um grande magistrado
Após a exibição de um vídeo com mensagem dos servidores de seu Gabinete, com reconhecimento e agradecimentos, um vídeo institucional trouxe lembranças e imagens que materializam os anos de dedicação não só com a prestação jurisdicional, mas, sobretudo, pelo lado humano, acolhedor e fraterno com que se relacionou com todos aqueles com quem pôde entregar lições, carinho, proteção e cuidado. Ex-assessores, hoje juízes, como o secretário-geral do TJRO, juiz Rinaldo Forti; e o juiz Danilo Paccini, revelaram com a emoção a acolhida que receberam de Mimessi, sua esposa Denise e seus filhos.
Emocionado, o desembargador Renato Mimessi agradeceu por todas as homenagens recebidas. Num discurso carregado de ensinamentos teceu palavras de incentivo, ensinamentos e gratidão, com a humildade e temperança que lhe são peculiares. Destacou a grandiosidade do Judiciário de Rondônia, um dos mais acessíveis à população em todo o país. Disse que “em Rondônia encontrei com pessoas queridas que sonharam o mesmo sonho comigo”, e afirmou ser testemunha de que esse sonho, de construir a Justiça no Estado novo, se realiza e se aperfeiçoa a cada dia.
Ao traçar um perfil do que chamou do juiz desejado pelo jurisdicionado, dissertou quase que um manual que deveria ser seguido por todos aqueles apaixonados pela profissão togada. Lições de um grande magistrado, que poderiam ser resumidas nas frases derradeiras de sua contundente fala: “o juiz ideal deve estar sempre atualizado e acessível; há pessoas aflitas por trás das capas dos processos, por isso devemos usar os mesmos pesos e medidas”. Defendeu que a independência da Magistratura é uma garantia aos cidadãos, que precisam da segurança jurídica.
Revelou que sentirá saudades de cantar o belo hino de Rondônia, mas que agora, com a missão cumprida, irá dedicar-se a novos projetos e à convivência mais intensa com seus familiares.