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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL - Cinco policiais militares foram denunciados nesta segunda-feira (14) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por alterarem a cena no local onde a jovem Kathlen de Oliveira Romeu foi morta, no dia 8 de junho, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio.
A 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar denunciou o capitão da PM Jeanderson Corrêa Sodré, o 3°sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos da PM Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano.
Resumo das acusações:
De acordo com a denúncia, os PMs Chaves, Frias, Scanfela e Salviano retiraram o material que estava no local antes da chegada da perícia, e ainda acrescentaram 12 cartuchos calibre 9 milímetros deflagrados e um carregador de fuzil 556, com 10 munições intactas.
Mais tarde, o material foi apresentado pelos policiais na 26ª Delegacia de Polícia (Todos os Santos).
Perito analisa vídeo gravado após a morte de Kathlen e vê 'movimentação anormal' de PMs
Também segundo o documento, Jeanderson Corrêa Sodré, mesmo estando no local e podendo agir como superior dos PMs, se omitiu da função que, por lei, deveria cumprir, que seria fazer a "vigilância sobre as ações de seus comandados".
"Enquanto deveriam preservar o local de homicídio, aguardando a chegada da equipe de peritos da Polícia Civil (PCERJ), os denunciados Frias, Salviano, Scanfela e Chaves o alteraram fraudulentamente, realizando as condutas acima descritas, com a intenção de criar vestígios de suposto confronto com criminosos", diz trecho da denúncia.
Na semana passada, o RJ mostrou que um vídeo gravado após a morte de Kathlen registrou uma movimentação anormal dos PMs no momento em que a jovem, que estava grávida, foi baleada.
O perito e professor da Universidade do Estado do RJ, Nelson Massini, afirmou que as imagens mostram que os policiais estavam mais preocupados em recolher objetos no chão do que prestar socorro à jovem ferida.
"(O vídeo) É revelador porque mostra uma movimentação anormal dos policiais. Dá pra se verificar quantos estavam no beco e uma movimentação mais preocupada em recolher o material do que a Kathlen", analisou o perito.
As imagens do vídeo foram gravadas instantes depois dos tiros. É possível ver que um policial sobe o beco e outros três ficam na saída, de frente para a Rua Araújo Leitão. Kathlen não aparece nas imagens. Naquele momento, ela já estava caída na calçada, do outro lado da rua.
O vídeo também mostra que dois PMs vão em direção à Araújo Leitão, outro sobe o beco, e mais um aparece correndo. Um dos policiais volta e se agacha. Em seguida, outro PM também entra no beco e faz um movimento parecido.
Logo depois, a avó de Kathlen percebe que a neta foi atingida e começa a gritar.
Na sequência da gravação, outros dois policiais aparecem descendo o beco e depois mais um. Os três saem na direção contraria de onde está Kathlen Romeu.
Em outro vídeo gravado no mesmo local, é possível ver alguns policiais voltando para o beco e se abaixando como se recolhessem algo no chão.
"A tendência dos traficantes seria fugir por essas escadas e cair fora. E os tiros do policial só poderiam ser contra os traficantes que estariam fugindo. (...) Se ele atirasse, viraria de costas para dar o tiro. No entanto, só tem esse tiro que veio na direção contrária", completou Massini.
Na época da morte da jovem, a Polícia Civil informou os agentes da Delegacia de Homicídios que chegaram ao local para fazer a perícia não encontraram vestígios de balas no local.
Policiais civis afirmaram que os PMs levaram para a delegacia a munição e os estojos deflagrados durante a ação na favela.
Os 12 policiais que estavam no local no dia da morte de Kathlen foram afastados dos trabalhos na rua. Com eles, foram apreendidos 12 fuzis e nove pistolas.