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    porto velho, sábado 11 de maio de 2024

Homem toma primeira vacina contra câncer no mundo; entenda como ela funciona

A vacina foi projetada para preparar o sistema imunológico para atacar as células tumorais de cada paciente


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Publicada em: 27/04/2024 10:57:14 - Atualizado

MUNDO: Na sexta-feira (26), a University College London Hospitals, instituição de saúde e pesquisa do Reino Unido, divulgou imagens de um homem recebendo a primeira vacina que pode prevenir a recorrência do melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele. O imunizante está sendo testado em pacientes britânicos de forma voluntária.

O voluntário participa da terceira fase de testes da vacina e é o primeiro a receber o imunizante nesta rodada final prévia à aprovação do medicamento. A injeção utiliza uma técnica semelhante à das primeiras vacinas da Covid-19, a mRNA. Essa técnica é adaptada de acordo com as células de cada paciente e tem potencial para ser usada também na prevenção de cânceres de pulmão, rins e bexiga.

Quem é o homem?

Steve Young, de 52 anos, é quem deu rosto a este grande passo na medicina moderna. Ele foi diagnosticado com um melanoma em estágio II em sua cabeça, que foi removido em 2023. A vacina pode reduzir as chances de um retorno do câncer em seu organismo. “Sinto-me sortudo por fazer parte deste ensaio clínico. Esta é a minha melhor chance de parar o câncer e tomar este imunizante foi um dos melhores dias da minha vida”, disse em entrevista.

Como a vacina funciona contra o câncer?

A vacina é produzida pelas farmacêuticas Moderna e Merck/MSD. Ela deve ser usada junto com o medicamento Keytruda, um imunoterápico que potencializa sua prevenção. Nos testes de fase 2, o risco de morte por um retorno do tumor em três anos diminuiu em 44% em comparação com as pessoas que usaram apenas o remédio.

“Esta vacina é um marco empolgante para visualizarmos como a terapia individualizada pode potencialmente transformar o tratamento da forma mais grave de câncer de pele no futuro”, disse o vice-presidente sênior da Moderna, Kyle Holen, em comunicado à imprensa.

A tecnologia é baseada em tecnologia mRNA. O tratamento personalizado funciona dando ao corpo uma espécie de manual de instruções que ajuda a produzir proteínas que possam neutralizar as células que, em exame prévio, foram identificadas como causadoras do câncer naquele paciente específico. A terapia individualizada é projetada para preparar o sistema imunológico para atacar as células tumorais de cada paciente, potencializando a ação do Keytruda no organismo.

“A ideia por trás desta imunoterapia é que, ao estimular o corpo a produzir essas proteínas, ele pode preparar o sistema imunológico para identificar e atacar rapidamente quaisquer células cancerígenas que as contenham com o objetivo de prevenir a recorrência do melanoma”, explica a oncologista Heather Shaw, coordenadora deste novo ensaio.

Assim como Steve, outros mil pacientes receberão o imunizante em todo o mundo nesta terceira fase do estudo, que deve durar pelo menos até 2026. No entanto, a previsão é que os resultados prévios possam embasar um lançamento experimental do imunizante ainda em 2025. O ensaio é duplo-cego, portanto há 50% de chances de que os pacientes recebam placebo em vez da injeção.

“Ter tido câncer foi um dos maiores sustos da minha vida, farei tudo para não viver aquilo novamente“, disse.

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