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    porto velho, terça-feira 25 de fevereiro de 2025

Ex-primeira-dama argentina diz que foi forçada por Alberto Fernández a fazer aborto

Em uma versão por escrito, Yañez também afirmou ter sofrido 'socos na cara diários' e vários tipos de violência.


g1

Publicada em: 13/08/2024 16:16:33 - Atualizado


A ex-primeira dama argentina Fabiola Yañez relatou em uma audiência judicial nesta terça-feira (13) que foi obrigada pelo ex-presidente Alberto Fernández, com quem foi casada, a fazer um aborto.

Yañez denunciou Fernández por violência doméstica no início de agosto. O ex-presidente argentino, que teve seu passaporte cassado, negou o crime. Nesta terça, a ex-primeira-dama participou de uma audiência sobre o caso no Consulado da Argentina em Madri, na Espanha, onde ela vive desde que seu ex-marido deixou a presidência, em dezembro de 2023.

Foi a primeira vez que ela falou à Justiça desde que denunciou ter sofrido violência doméstica. Fernández nega.

Na declaração antecipada que ela entregou ao consulado à qual a RFI teve acesso, a ex-primeira-dama revela episódios diários de violência reprodutiva, institucional, verbal, física e doméstica, além de constantes traições, acusando o médico presidencial de encobrir o inchaço no olho direito, consequência de um soco para ela "calar a boca".

Na declaração por zoom desta terça-feira, Yañez deu informações como nomes, datas e locais ao Ministério Público que comprovem as denúncias descritas um dia antes através da declaração escrita à qual a RFI teve acesso.

Veja abaixo detalhes da denúncia:

Ao longo de 20 páginas, Fabiola Yañez pede que os atos de violência com lesões leves sejam classificados como “lesões graves, duplamente agravadas pelo vínculo e cometidas no contexto de violência de gênero com abuso de poder e de autoridade”, além de incluir a acusação de “ameaças coativas” contra o ex-presidente, quem tem promovido um “terrorismo psicológico” com constante “assédio telefônico com mensagens intimidatórias”.

“Esclareço que os tipos de lesões são de índole grave porque deixaram sequelas de danos psicológicos que me impediram de exercer as minhas funções e a minha vida normal por mais de 30 dias”, sublinha.

“O maltrato (assédio, desprezo, agressões, golpes) era uma constante que, por uso frequente, deixou-me sequelas de caráter psicológico que me obrigaram, em diferentes períodos de tempo, a tratamentos psicológicos e psiquiátricos, inclusive com medicamentos. Tudo isso somado a lesões físicas que podem ser vistas nas fotos em anexo no braço e no olho e a outras situações como socos quase diários no contexto de violência verbal que terminavam habitualmente num soco para acabar com a discussão, apesar de o meu filho de apenas dois anos ou menos estar próximo”, introduz Fabiola Añez na sua declaração.

Fabíola Yañez disse à Justiça em depoimento nesta terça (13) que começou a ter problemas de alcoolismo após o início das agressões de Alberto Fernández.

Violência Reprodutiva

No seu relato, Fabiola Yañez revela que Alberto Fernández a “empurrou para cometer um aborto” porque “ele não estava pronto” para ser pai. Episódios como esse, desconhecidos para os argentinos, deixaram-lhe traumas psicológicos, classificados como “violência reprodutiva”.

A figura jurídica da “violência reprodutiva” é uma forma de violência de gênero em atos que “limitam ou que coagem uma pessoa em relação à sua capacidade reprodutiva, afetando a sua autonomia sobre decisões fundamentais como de ter filhos ou não”.

“Comecei um namoro com o denunciado, no princípio sem convivência, há mais de 14 anos. Numa viagem a Paris, em 14 de maio de 2016, ele me propôs noivado”, conta Fabiola, esclarecendo que “antes mesmo da convivência, o assédio psicológico era constante”.

“Eu devia permanecer atenta às suas chamadas telefônicas que se repetiam a ponto de eu não poder interagir com terceiros e ter uma vida normal, como sair com amigas porque eu tinha de responder às suas mensagens a cada três minutos”, descreve Yañez, para justificar que, por isso, “deixou de sair e de ver os amigos”.


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