Fundado em 11/10/2001
porto velho, quinta-feira 26 de dezembro de 2024
MUNDO: A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos já está dando um tom bastante pessimista à COP29, que começa oficialmente na segunda-feira (11), em Baku, capital do Azerbaijão.
Isso porque o presidente eleito já se prepara para retirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris, o tratado que norteia as ações globais contra as mudanças climáticas.
Além disso, ele também promete adotar políticas que vão aumentar a exploração e uso de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás – responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, que levam ao aquecimento global.
Tudo isso vai contra os esforços recentes de combate às mudanças climáticas e os objetivos desta COP29.
O principal assunto da cúpula mundial do clima deste ano é o financiamento global para o combate às mudanças climáticas a partir de 2025.
Ou seja, o encontro deveria definir questões como:
Todos esses pontos substituiriam o atual acordo de que os países desenvolvidos deveriam destinar pelo menos USD 100 bilhões por ano para ajudar o mundo em desenvolvimento a financiar ações climáticas. Esse acordo acaba no ano que vem e sua meta nunca foi totalmente alcançada.
Essas novas negociações, no entanto, perdem impacto com as recentes promessas de Trump –até porque elas enfraquecem qualquer posição que venha a ser assumida pelos negociadores americanos que foram enviados a Baku pelo atual presidente, Joe Biden.
E a mudança de posição dos Estados Unidos terá grande impacto, já que o país é fundamental no debate sobre clima por três grandes motivos:
Além de enfraquecer a posição dos negociadores na COP, a posição de Trump também estimula outros governos a diminuírem o seu próprio comprometimento com a causa do clima.
“Você retira da mesa de debate, da mesa de negociação, um país extremamente importante. E ainda cria um efeito para os países que não querem que a coisa evolua. Os países que não querem tomar ação se sentem muito mais confortáveis (nessa posição), uma vez que um gigante como os os EUA não fará a sua parte. Esse efeito causa um impacto muito negativo”, disse à CNN o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.
Segundo Astrini, a posição “negacionista” de Trump cria dois grandes problemas: “deixamos de ter qualquer esperança de que os Estados Unidos venham a contribuir para a solução e o país ainda passa a adotar ações, como o uso de mais petróleo e mais emissões, que vai aumentar o problema”.
Essa é a mesma posição de Elisabetta Cornago, pesquisadora sênior do Centre for European Reform.
Segundo ela, “pressionar por financiamento climático mais ambicioso será quase impossível sem a adesão dos EUA, o que vai acabar com a motivação dos países em desenvolvimento de levar a sério as ambições climáticas do Ocidente”, diz ela.
Essas declarações apontam para o clima geral de desânimo entre os delegados que já estão chegando a Baku.
A única chance, dizem vários deles, é ter uma resposta mais efetiva de vários outros grandes blocos como a União Europeia e mesmo a China.
A secretária de estado da Alemanha para ação climática internacional, Jennifer Morgan, reconhece o desafio e diz que caberá à Alemanha e à União Europeia manter a liderança nas discussões sobre financiamento climático para garantir um resultado aceitável.
Dificilmente, no entanto, os europeus terão interesse em aumentar ainda mais suas contribuições