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    porto velho, quinta-feira 5 de dezembro de 2024

Vitória de Trump dá tom de desânimo à COP29 em Baku, segundo participantes

Presidente eleito se prepara para retirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris


CNN

Publicada em: 09/11/2024 11:21:48 - Atualizado


MUNDO: A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos já está dando um tom bastante pessimista à COP29, que começa oficialmente na segunda-feira (11), em Baku, capital do Azerbaijão.

Isso porque o presidente eleito já se prepara para retirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris, o tratado que norteia as ações globais contra as mudanças climáticas.

Além disso, ele também promete adotar políticas que vão aumentar a exploração e uso de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás – responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, que levam ao aquecimento global.

Tudo isso vai contra os esforços recentes de combate às mudanças climáticas e os objetivos desta COP29.

O principal assunto da cúpula mundial do clima deste ano é o financiamento global para o combate às mudanças climáticas a partir de 2025.

Ou seja, o encontro deveria definir questões como:

  • Quanto será destinado anualmente para a luta contra o aquecimento global daqui para a frente?
  • Quais países pagarão essa conta?
  • Por quanto tempo esse financiamento vai existir nas condições negociadas em Baku?
  • Quais ações poderão (ou não) ser contabilizadas como contribuição contra as mudanças climáticas?

Todos esses pontos substituiriam o atual acordo de que os países desenvolvidos deveriam destinar pelo menos USD 100 bilhões por ano para ajudar o mundo em desenvolvimento a financiar ações climáticas. Esse acordo acaba no ano que vem e sua meta nunca foi totalmente alcançada.

Essas novas negociações, no entanto, perdem impacto com as recentes promessas de Trump –até porque elas enfraquecem qualquer posição que venha a ser assumida pelos negociadores americanos que foram enviados a Baku pelo atual presidente, Joe Biden.

E a mudança de posição dos Estados Unidos terá grande impacto, já que o país é fundamental no debate sobre clima por três grandes motivos:

  • O país é o que mais contribuiu historicamente para a emissão de gases de efeito estufa, além de ser o atual segundo maior poluidor do mundo, atrás da China – e portanto o que mais tem dívidas a acertar com quem não poluiu tanto;
  • Trata-se da nação com mais recursos disponíveis para financiar o combate ao aquecimento global;
  • Dispõe de tecnologia inovadoras para ajudar a encontrar soluções para a crise climática.

Além de enfraquecer a posição dos negociadores na COP, a posição de Trump também estimula outros governos a diminuírem o seu próprio comprometimento com a causa do clima.

“Você retira da mesa de debate, da mesa de negociação, um país extremamente importante. E ainda cria um efeito para os países que não querem que a coisa evolua. Os países que não querem tomar ação se sentem muito mais confortáveis (nessa posição), uma vez que um gigante como os os EUA não fará a sua parte. Esse efeito causa um impacto muito negativo”, disse à CNN o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.

Segundo Astrini, a posição “negacionista” de Trump cria dois grandes problemas: “deixamos de ter qualquer esperança de que os Estados Unidos venham a contribuir para a solução e o país ainda passa a adotar ações, como o uso de mais petróleo e mais emissões, que vai aumentar o problema”.

Essa é a mesma posição de Elisabetta Cornago, pesquisadora sênior do Centre for European Reform.

Segundo ela, “pressionar por financiamento climático mais ambicioso será quase impossível sem a adesão dos EUA, o que vai acabar com a motivação dos países em desenvolvimento de levar a sério as ambições climáticas do Ocidente”, diz ela.

Essas declarações apontam para o clima geral de desânimo entre os delegados que já estão chegando a Baku.

A única chance, dizem vários deles, é ter uma resposta mais efetiva de vários outros grandes blocos como a União Europeia e mesmo a China.

A secretária de estado da Alemanha para ação climática internacional, Jennifer Morgan, reconhece o desafio e diz que caberá à Alemanha e à União Europeia manter a liderança nas discussões sobre financiamento climático para garantir um resultado aceitável.

Dificilmente, no entanto, os europeus terão interesse em aumentar ainda mais suas contribuições




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