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E-mails mostram que cientistas suspeitavam de origem da covid-19 em laboratório da China

O cultivo teria “criado acidentalmente um vírus fadado à rápida transmissão entre humanos”.


New York Post

Publicada em: 15/01/2022 12:03:50 - Atualizado

O Dr. Anthony Fauci menosprezou a teoria de que o COVID-19 pode ter surgido de um laboratório chinês logo após o início da pandemia nos EUA, chamando-o de “objeto brilhante que desaparecerá”, de acordo com um e-mail divulgado na última terça-feira (11/1) pelos republicanos da Câmara norte-americana.

E-mails de cientistas sugerem que Anthony Fauci e Francis Collins atuaram intencionalmente para desqualificar a hipótese e silenciar a possibilidade de discussão de que a covid-19 teve origem em laboratório chinês.

Confira documento na íntegra:

Letter-Re.-Feb-1-Emails.pdf

Documentos divulgados por congressistas dos Estados Unidos mostram que alguns dos mais importantes cientistas do planeta suspeitavam, em 2020, que a covid-19 tenha sido o resultado de uma manipulação genética feita em laboratório. Os indícios aparecem em e-mails obtidos pelos congressistas Jim Jordan e James Comer. O material foi anexado a uma petição ao chefe do Departamento de Saúde do governo norte-americano, Xavier Becerra, para que os parlamentares possam questionar Anthony Fauci por escrito. Fauci é o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) e coordena as ações governamentais de resposta à covid-19.

As mensagens mostram que Fauci e Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde (NIH), receberam, de antemão, o rascunho de um artigo científico que viria a ser publicado pela prestigiosa revista científica Nature em março 2020. O estudo desqualifica a hipótese de um vazamento e endossa a tese de que a covid-19 teve uma origem natural. O artigo teve uma grande influência sobre pesquisas posteriores e baseou a alegação de que a tese de origem laboratorial era apenas “teoria da conspiração”. Mas, agora, os e-mails divulgados revelam que Fauci e Colins podem ter sugerido edições no artigo para favorecer a tese de que o vírus da covid-19 teve origem natural.

Três dos cinco autores do artigo aparecem nos e-mails. Robert Garry, da Universidade de Tulane, afirmou, em fevereiro de 2020, que uma origem espontânea do vírus parecia improvável. “Eu realmente não consigo pensar em um cenário natural plausível”, escreveu ele, em uma mensagem que tinha Fauci e Collins dentre os destinatários. Outro pesquisador, Jeremy Farrar, afirmou que em sua opinião as chances eram de “50:50” (50% a 50%) para a origem em laboratório e a origem natural. Ele também disse que seu colega Edward Holmes, da Universidade de Sidney (um dos autores do artigo da Nature), acreditava em “60:40 laboratório” — ou seja, que a hipótese de origem laboratorial era mais provável. Também em fevereiro, um terceiro autor do artigo da Nature afirmou que somente os próprios pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan poderiam esclarecer a questão. “As únicas pessoas com informação suficiente ou acesso às amostras para abordar isso seriam os times trabalhando em Wuhan”, disse Andrew Rambaut, da Universidade de Edimburgo.

O britânico Jeremy Farrar diz a Fauci e Collins que o vírus pode ter sido cultivado em tecidos humanos e escapado de um laboratório de baixo nível de segurança. O cultivo teria “criado acidentalmente um vírus fadado à rápida transmissão entre humanos”.

Farrar também menciona outro cientista, Mike Farzan, que descobriu como o vírus da Sars original se acopla às células respiratórias, causando a síndrome típica dessa família de doenças.

Farzan, segundo ele, estava justamente preocupado com o funcionamento desse mecanismo, tecnicamente chamado local de clivagem de furina, a enzima que propicia a acoplagem.

“Ele não consegue explicar isso como um evento (ocorrido) fora de laboratório. Embora haja caminhos naturais, seria extremamente improvável”.

“Como colocar tudo isso junto, acreditar numa série de coincidências, o que sabemos sobre o laboratório de Wuhan, como poderia vir da natureza – escape acidental ou evento natural”, especula Farrar, acrescentando que ele era 70% a favor da primeira hipótese e 30% da segunda. “Ou 60/40”.

Apesar das dúvidas de seus autores, o artigo da Nature acabou minimizando a hipótese de origem em laboratório. Um e-mail de Ron Fouchier, outro pesquisador que aparece nos documentos, pode explicar por quê: “Um debate maior sobre essas acusações distrairia, desnecessariamente, pesquisadores de elite de suas obrigações e prejudicaria de forma desnecessária a ciência em geral, e a ciência na China em particular”, escreveu.

Na carta enviada nesta terça-feira, os congressistas afirmam haver dúvidas sobre a atuação de Fauci e Collins na supressão da hipótese de que o vírus tenha sido produzido em laboratório. Mas os deputados afirmam que os pesquisadores parecem ter mudado de opinião após participarem de uma reunião virtual com a dupla. “Não está claro quais evidências foram apresentadas, se é que elas foram, ou se as bases científicas mudaram em um curto período de tempo; mas, depois de falar com os doutores Fauci e Collins, os autores abandonaram sua crença de que a covid-19 foi o resultado de um vazamento laboratorial”, dizem eles.

A preocupação de Collins com o assunto aparece em outra mensagem divulgada nesta terça-feira (11/1). Em um dos e-mails enviados a Fauci e outros cientistas em abril de 2020, ele escreveu, em referência à tese de que o vírus surgiu no laboratório de Wuhan: “Estou pensando se tem algo que o NIH pode fazer para colocar abaixo essa conspiração, que é muito destrutiva e que parece estar ganhando intensidade”, escreveu. Ele afirmou ainda esperar que o artigo na revista Nature “resolva isso”.


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