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porto velho, segunda-feira 3 de fevereiro de 2025
MUNDO: Mais de 1.300 pessoas foram detidas em toda a Rússia na quarta-feira (21) por participarem de protestos contra a guerra na Ucrânia. Alguns foram diretamente recrutados para as Forças Armadas, de acordo com um grupo de monitoramento, depois que o presidente Vladimir Putin anunciou uma “mobilização parcial” dos cidadãos.
Imagens e vídeos mostram a polícia reprimindo manifestantes em várias cidades, incluindo o centro de Moscou, onde pessoas foram levadas pelas autoridades policiais, e São Petersburgo, onde forças de segurança tentavam conter uma multidão que gritava “sem mobilização” do lado de fora da Catedral Isakiivskiy.
A polícia realizou detenções em 38 cidades da Rússia na quarta-feira, segundo números divulgados pouco depois da meia-noite pelo grupo de monitoramento independente OVD-Info.
A porta-voz Maria Kuznetsova disse por telefone que em pelo menos quatro delegacias de Moscou alguns dos manifestantes presos pela tropa de choque estavam sendo convocados diretamente para o exército russo.
Um dos presos foi ameaçado de ser processado por se recusar a ser convocado, afirmou Kuznetsova. O governo pontuou que a punição por recusa à determinação agora é de 15 anos de prisão.
Das mais de 1.300 pessoas detidas em todo o país, mais de 500 estavam em Moscou e mais de 520 em São Petersburgo, ainda de acordo com a OVD-Info.
Pouco mais da metade dos manifestantes detidos cujos nomes foram tornados públicos são mulheres, complementa a organização, tornando-se o maior protesto antigoverno por participação de mulheres na história recente. No entanto, a OVD-Info alegou que o número total de prisões permanece desconhecido.
O grupo informou também que nove jornalistas e 33 menores também estão entre os detidos, e que um dos menores teria sido “brutalmente espancado” pela polícia.
As manifestações acontecem após um discurso de Putin na manhã de quarta-feira, no qual ele apresentou um plano que aumenta a tensão e suas pretensões com a guerra na Ucrânia.
Além disso, ocorre em um momento em que uma contra-ofensiva repentina do exército ucraniano recapturou milhares de quilômetros quadrados de território e empurrou as linhas russas para trás. Especialistas dizem que as forças da Rússia estão significativamente esgotadas.
A anunciada “mobilização parcial” é uma convocação de 300 mil reservistas, segundo o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. Putin disse que aqueles com experiência militar estariam sujeitos ao recrutamento e enfatizou que o decreto – que já foi assinado – é necessário para “proteger nossa pátria, sua soberania e sua integridade territorial”.
A determinação em si não se aplica apenas aos reservistas, pois permite a “convocação [de] cidadãos da Federação Russa para o serviço militar por mobilização nas Forças Armadas da Federação Russa”.
Putin também citou a questão de armas nucleares durante seu pronunciamento, dizendo que usaria “todos os meios à nossa disposição” se considerasse a “integridade territorial” da Rússia ameaçada. Ele também endossou referendos sobre a adesão ao país que os líderes indicados pelos russos em quatro regiões ocupadas da Ucrânia anunciaram que realizariam nesta semana.