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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
GUAJARÁ MIRIM, RONDÔNIA - A conclusão da obra do novo Hospital Regional de Guajará-Mirim (RO), que está atrasada há quase quatro anos, recebeu um novo prazo para ser inaugurado: abril de 2018, segundo informou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). O prazo anterior era até janeiro do ano que vem, porém mais uma vez foi prorrogado, e o orçamento já passa dos R$ 14 milhões.
Após ficar pronto, o novo hospital vai atender pacientes do município e também de Nova Mamoré (RO), além dos distritos da zona rural, população indígena e bolivianos que buscam atendimentos no território brasileiro.
Hoje, os pacientes são atendidos no Hospital Regional Perpétuo Socorro, no Bairro Centro, que faz em média 80 atendimentos e transporta pelo menos dois pacientes para Porto Velho diariamente.
A construção iniciou em maio de 2013, no Bairro Santa Luzia, e o planejamento inicial previa que a unidade fosse entregue já funcionando em 2014, porém não foi o que aconteceu. Em 2015, o secretário estadual de saúde, Williames Pimentel, deu uma entrevista ao G1 e alegou que a obra havia atrasado por conta da enchente histórica que atingiu o município no ano anterior, mas que o hospital seria finalizado e inaugurado.
“Estamos em uma grande discussão com a bancada federal, junto ao Ministério da Saúde, para que os compromissos firmados na liberação dos recursos para a compra dos equipamentos sejam viabilizados”, disse na época.
Na última semana, o secretário Pimentel esteve em Guajará-Mirim para fazer a entrega de R$ 3 milhões destinados à saúde indígena e deu uma nova entrevista ao G1 sobre o novo hospital. Segundo ele, a nova previsão é que até em abril finalmente o prédio seja finalizado.
“Em abril, a previsão é abril de 2018. Ainda faltam alguns detalhes, mas estamos trabalhando para entregar a obra”, disse.
Outro assunto abordado pelo G1 foi a administração da unidade, uma vez que estiver pronta para atender a população. O secretário explicou que o plano do Governo é que seja feita uma licitação para uma empresa especializada gerir o hospital, deixando o município e o estado sem a responsabilidade direta pela administração hospitalar.
“Quando estiver tudo pronto, o planejamento é que uma empresa do ramo de administração hospitalar seja contratada legalmente para fazer esse serviço, mas ainda estamos trabalhando nisso”, encerrou.
Na sexta-feira (15), a empresa construtora informou à reportagem que a obra está 85% concluída, mas atualmente parou. Apenas cinco funcionários estão no prédio, somente para cuidar da estrutura e fazer pequenas manutenções. Os repasses dos recursos deveriam ter sido pagos, porém não foram.
A empresa declarou ainda que durante os anos de atraso bancou todo o processo de manutenção do prédio sem receber nenhuma verba, gastando aproximadamente R$ 35 mil por mês com recursos próprios, e que agora a dívida não é reconhecida pela Sesau.
Por último, a construtora alegou que mesmo que o repasse de todo o dinheiro que falta fosse feito ainda neste mês, a conclusão até abril de 2018 é impossível e que não entrega o prédio dentro deste novo prazo dado.
Procurada pelo G1 na última segunda-feira (18), a Sesau informou que um aditivo no valor da obra foi feito a pedido da própria construtora, que já foi pago. Somente em 2017, a Sesau afirma ter repassado mais de R$ 1,4 milhão à empresa.
O órgão declarou ainda que a construtora requereu um pedido de recomposição de taxa administrativa durante uma reunião com o Departamento de Estradas de Rodagens, Infraestrutura e Serviços Públicos de Rondônia (DER-RO), na última semana, e que o pedido será enviado para a Procuradoria Geral do Estado para análise.
Em relação aos repasses, a Sesau afirmou veementemente que não há faturas em aberto, e que a construtora emite as notas para pagamento e a secretaria envia para o banco dentro do prazo, efetuando o repasse final.
“É vergonhoso, Guajará sendo uma das principais cidades de Rondônia, não ter o devido valor dado pelos nossos representantes políticos, simplesmente uma vergonha”, desabafa o estudante universitário Samuel Pires, de 26 anos.
Para a dona de casa Almira das Neves, de 69 anos, que mora próximo do terreno onde a unidade está sendo construída, talvez em 2018 a obra termine, mas somente porque é ano de novas eleições.
“Quando é ano político tudo acontece né, é uma forma de garantir votos. O povo tem que ficar de olho, porque ano que vem vai aparecer muita gente querendo se engrandecer em cima da obra e querendo reconhecimento pelo que não fez”, opinou a moradora.
Já para a estudante Carla de Souza, de 18 anos, a conclusão já virou uma novela. “Toda hora falam alguma coisa, dão prazo e quando a gente vai ver, nada resolvido. Essa obra está mais enrolada que novela, difícil até dizer quando vai terminar os capítulos”, ironizou a aluna do 3º ano do ensino médio.