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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
HUMAITÁ – A explosão da revolta popular aconteceu desta vez em Humaitá, um pequeno município amazonense encravado no meio da floresta tropical às margens do rio Madeira, entre Manaus e Porto Velho. Mas poderia ter sido em Porto Velho, Ariquemes, União Bandeirantes, Buritis ou em qualquer lugar do Brasil.
A verdade é que a Lei que autoriza agentes do Ibama e do ICMBio a destruir equipamentos de agressores da natureza não parece razoável e a reação, na mesma proporção, poderia ocorrer a qualquer momento.
Um dia negro em Humaitá, desde as primeiras horas da manhã da sexta-feira, 27, com o clima de tensão ocasionada entre grande parte das famílias de centenas de garimpeiros que não podiam trabalhar em suas atividades depois da operação “Ouro Fino” realizada pelo Ibama e Icmbios, suspendendo a garimpagem de ouro no rio Madeira.
Mais de 37 balsas foram presas na comunidade de Goiabal, que fica cerca de 2h rio acima em direção a Porto Velho-RO. Na quinta-feira (26) pela manhã, o prefeito de Humaitá, Herivaneo Seixas, reuniu-se com os garimpeiros e representante do Ibama, Marinha e ICMBio, buscando solucionar o impasse e o mal estar causado pelos fiscais do Ibama, que com apoio de policiais da Força Nacional foram truculentos e usaram de ameaça armada para prender os garimpeiros trabalhavam ao longo do Rio.
Tudo parecia normalizado e alinhado entre as partes. O agentes do Ibama, no entanto, voltaram a tocar o terror no interior, no início da tarde desta sexta-feira. De uma hora pra outra tocou fogo nas balsas apreendidas, mesmo diante do apelo das famílias e extrativistas que estavam perdendo em menos de 20 minutos, todo o suor e suas economias de anos e anos para montar suas balsas e poder enfim gerar renda para o sustento de suas famílias.
Estopim
A notícia de que suas balsas haviam sido queimadas por agentes do Ibama ocasionou revolta em meio a centenas de famílias que dependem destas balsas para o custeio da manutenção e da dignidade de suas famílias, gerando renda e lucros no meio social dos humaitaenses.
A REVOLTA
Centenas de garimpeiros, junto com seus familiares, reuniram-se na Orla da cidade, para uma passeata pacífica reivindicando o retorno do extrativismo mineral, no Rio Madeira bem como a devolução das balsas aos seus proprietários. Mas, assim que foram chegando fotos e vídeos das balsas sendo queimadas e destruídas pelo Ibama e o ICMBios, enviadas por familiares através das redes sociais, os ânimos inflamaram e os garimpeiros decidiram revidar a ação do Ibama na mesma moeda. Milhares de humaitaenses que não têm sangue de barata, transformaram as sedes do Ibama e do ICMBios em cinzas. A polícia militar apenas acompanhou o manifesto por não ter efetivo suficiente para conter a população revoltada e enfurecida com os desmandos dos ambientalistas.